O gerente deste blog no dolce far niente
Entrevista realizada comigo pela crítica paulista Teeh Schwarz há alguns aos atrás. As cervejas foram pagas por ela.
1) Qual foi o motivo do interesse pelo cinema? Como se deu esse
envolvimento?
André
Setaro - Comecei a me envolver com o
cinema desde que comecei a frequentá-lo lá pelos meados do século passado. A
primeira vez que entrei numa sala de exibição tinha 6 anos de idade. Naquela
época, década de 50, menino de calças curtas (era o tempo das calças curtas
para garotos) via muito filmes americanos e chanchadas brasileiras, melodramas
mexicanos, além, claro, de desenhos animados tipo Tom & Jerry. Minha
formação cinematográfica inicial se dá, portanto, com o cinema de gênero made
in Hollywood (os musicais inesquecíveis da Metro, os thrillers, os filmes de
guerra, os épicos históricos, e, principalmente, o western, que, na definição
do grande crítico francês André Bazin, é o cinema americano por excelência). O
cinema brasileiro, com raras e honrosas exceções, produzia quase que somente
chanchadas. Com o passar do tempo, comecei a frequentar o Clube de Cinema da
Bahia, programado por um grande ensaísta da arte cinematográfica, Walter da
Silveira. Foi ele quem, no seu clube, mostrou aos baianos os filmes do
expressionismo alemão, do neorrealismo italiano, do realismo poético francês,
da escola soviética (Eisenstein, Pudovkhin…), o cinema japonês etc. Tinha por
volta de 15 anos quando percebi que o cinema, sobre ser um entretenimento, um
espetáculo, era também uma expressão de arte. Fiquei impressionado com A aventura (1959), de Michelangelo Antonioni,La dolce
vita, de Federico Fellini, Os 7
samurais, de Akira Kurosawa, O encouraçado
Potemkin, de Eisenstein etc. Era já um adolescente cinéfilo
antes de penetrar na juventude e, mais tarde, na chamada idade da razão. Há,
segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, a idade da ilusão e a idade da razão. O
rito de passagem de uma a outra é problemática e varia de pessoa a pessoa. Vale
ressaltar que me tornei um amante de cinema por meio autodidata. Via os filmes
com interesse (os mais importantes mais de uma vez) e lia bibliografia
especializada e críticas dos grandes suplementos, principalmente os do eixo
Rio-São Paulo. Nasci no Rio, em 1950 (já estou me sentindo velho), mas, desde
tenra idade, vim morar em Salvador, ainda que todo ano fosse passar, nas
férias, um mês na Cidade Maravilhosa. Anotava, num caderno, todos os filmes que
via, ficha técnica completa, cinema onde foi visto o filme, e fazia ligeiros
comentários.
Meu envolvimento com o cinema
se deu por uma afinidade eletiva, por uma relação de assombro e admiração ou,
se se quiser, por um ato de amor à arte cinematográfica. Findo o hoje chamado
segundo grau, fiz vestibular para a Faculdade de Direito, onde me formei em
1974, tornando-me um advogado sem futuro. Mas, na faculdade, fiquei responsável
pela programação do seu cineclube e redigia comentários sobre os filmes
exibidos que eram distribuídos na porta de entrada. Em 1974, comecei a publicar
textos sobre cinema no jornal soteropolitano Tribuna da Bahia e, meses depois,
fui convidado para escrever uma coluna diária que se alastrou por 20 anos até
que, em 1994, passei a escrever a coluna apenas uma vez por semana. Meu
envolvimento com o cinema se dá, assim, pela crítica. Mas, preguiçoso, achava
que fazer um filme dava muito trabalho e, naquele tempo, não havia a facilidade
do digital. Era tudo muito difícil. Mas, mesmo assim, para aprender alguma
coisa, trabalhei como assistente de direção de alguns filmes baianos (Voo interrompido,
1968, de José Umberto, filme underground, do chamado Cinema Marginal), fui ator
em O cisne
também morre (1982), de Tuna
Espinheira e realizei um Super 8 cujo título, esdrúxulo, é Pizzaria
Eisenstein (1984).
Frustrado com a experiência
como advogado, fui fazer Comunicação (Jornalismo) e, depois, Mestrado em Artes Visuais, cuja
dissertação versou sobre cinema: Narrativa e fábula no discurso
cinematográfico. Em 1979, entrei para ser professor da área de cinema da
Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, onde ensino até hoje
disciplinas da área como Oficina em Comunicação Audiovisual,
Linguagem Cinematográfica, etc. Publiquei Panorama do
Cinema Baiano, em 1976, e Alexandre Robatto Filho, um pioneiro do cinema
baiano, em 1992, ambos editados pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Estou, no prelo, com três livros, que fazem parte de Escritos sobre cinema.
De nada adiantam cursos de
cinema se a pessoa não se interessar. Os cursos ajudam e podem ser proveitosos
desde que o indivíduo se interesse pela coisa. O que se aplica, aliás, às
demais atividades. É importante que se conheça os chamados filmes essenciais,
os filmes-faróis da história do cinema, os filmes divisores de água, que
contribuíram para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, a exemplo de O encouraçado Potemkin(1925), de
Eisenstein, Ladrões de
bicicleta (1948), de Vittorio De
Sica (para se ter uma idéia da importância do neorrealismo italiano), Cidadão Kane (1941),
de Orson Welles, Hiroshima, mon amour (1959),
de Alain Resnais, Morangos
silvestres (1957), de Ingmar
Bergman, Oito e meio (1963),
de Federico Fellini, a trilogia de Michelangelo Antonioni (A aventura,
A noite, O eclipse), Aurora (1927), de Murnau, La passion de
Jeanne D’arc (1928), de Carl Theodor Dreyer, Acossado e O desprezo,
ambos de Jean-Luc Godard, entre muitos outros. A citação se faz aqui apressada
e de memória.
2) Desde o inicio já pretendia
atuar profissionalmente na área? Afinal, muita gente acha isso pouco viável,
excentricidade. Inclusive, ainda, atualmente.
André
Setaro - Se atualmente o cinema é
estudado nas universidades de todo o mundo, antes, porém, a coisa era
diferente. O cinema era considerado apenas um entretenimento, um divertissement, um passatempo para os
momentos de ócio. Com os estudos efetuados a partir da segunda metade do século
passado, principalmente por sociólogos e comunicólogos, verificou-se que o
cinema invadiu o imaginário coletivo das pessoas e, por isso, era preciso ser
estudado. O cinema mudou hábitos, comportamentos, influenciou o way of life. Assim, quando comecei a
escrever diariamente sobre a chamada sétima arte, a ganhar alguma coisa com
isso, ainda nos anos 70, e principalmente numa velha província como Salvador,
certo dia mostrei a uma tia carrancuda minha coluna impressa no jornal e ela me
respondeu: “Você não tem nada para fazer, não?”. Sim, o cinema não era
levado a sério profissionalmente, considerado uma utopia, uma excentricidade
como você bem frisa na pergunta. Ainda hoje, o profissional da área é
marginalizado, inclusive no Brasil.
3) Como cinéfilo, oque acha da
qualidade do cinema nacional e sua ‘baixa valorização’ no próprio território?
André
Setaro - O nó górdio do cinema
brasileiro está no tripé produção-distribuição- exibição. O mercado exibidor
brasileiro está completamente tomado pelas multinacionais (os complexos de
cinemas Cinemark, Multiplex etc), e é muito difícil para um realizador iniciante
encontrar guarida neste mercado. Se a produção de filmes nacionais passa dos 70
por ano, incentivada, principalmente pelas leis de incentivo, que gera a
famigerada captação de recursos, a maioria deles, no entanto, não é exibida. O
cineasta que consegue exibir seus filmes é aquele que faz parceria, na
produção, com as multinacionais. O que adianta produzir um filme se ele não é
exibido? A grande platéia do cinema brasileiro se encontra nos festivais que
proliferam país afora. O cinema brasileiro está maduro do ponto de vista
técnico, mas seus realizadores se subordinam muito ao mercado, porque precisam
captar recursos e as empresas apenas se dispõem a doar recursos àqueles filmes
que possuem viabilidade e exequibilidade comerciais.
Os filmes brasileiros que são
exibidos em boas salas são aqueles cujos produtores entram em parceria com as
multinacionais, a exemplo de Luis Carlos Barreto, Daniel Filho, Walter Salles,
Cacá Diegues etc
Mas não se pode negar que
tecnicamente, na última década, o filme brasileiro tem padrão internacional.
Tecnicamente falando, devo ressaltar. Mas não possui a criatividade do passado,
principalmente dos anos 60, quando explodiram o Cinema Novo e o Cinema Marginal
(dois exemplos de obras-primas: Deus e o
diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, e O bandido da luz vermelha, de
Rogério Sganzerla. Os cineastas não se aventuram na busca do novo por
impedimento mercadológico. Na época do Cinema Novo, não havia captação, havia
mais liberdade de criação.
4) Você diz que Walter da Silveira,
de certa forma, foi quem apresentou os filmes internacionais que fogem ao
esteriótipo de blockbusters aos soteropolitanos e, inclusive, à você. Mas e
quanto as produções nacionais? Quais lhe atingiram?
André
Setaro – Conheci o cinema brasileiro nos anos 50 e, nesta época, a maioria
dos filmes nacionais era constituído de chanchadadas populares: comédias com
Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo, Ankito, Mazzarropi, entre outros.
Lembro-me das filas imensas que se formavam nas portas das salas exibidoras. As
chanchadas se constituíram em grandes sucessos populares e, creio, foi a melhor
época para o cinema brasileiro em termos de bilheteria. Mas os críticos, a
maioria deles, as abominava. Foi preciso que o tempo passasse para que, décadas
depois, elas viessem a ser revalorizadas, e atualmente, inclusive, são objeto
até de dissertações e teses de mestrados e doutorados. Recordo-me de muitas
delas: Marido de mulher boa, Mulheres à
vista, O massagista
de madame, O batedor de
carteiras, Chico Fumaça.
As melhores, contudo, eram as dirigidas por Carlos Manga, satíricas e
paródicas, a exemplo de O homem do
sputnick, com Oscarito, Nem Sansão
nem Dalila, também com Oscarito (um gênio!) ao lado de Grande
Otelo, e, também com estes, Matar ou
correr (paródia do clássico western Matar ou morrer/High Noon, de Fred
Zinnemann, com Gary Cooper). Gostei particularmente de De vento em pôpa, também de Manga.
Se a chanchada predominava, havia também os filmes da Vera Cruz. O cangaceiro(1953), de Lima
Barreto, constituiu-se num grande êxito, assim como Sinhá Moça, de Tom Payne, sobre as
tentativas abolicionistas no século retrasado numa cidade de Minas Gerais. E
Nelson Pereira dos Santos, a seguir o exemplo do neorrealismo italiano,
plantava as sementes do Cinema Novo com seu pioneiro Rio quarenta graus (1955),
seguido de Rio Zona
Norte (1958). Com a decadência das chanchadas, surgiu o
Cinema Novo, que acompanhei, praticamente, filme por filme, a destacar o
impacto que me causou a primeira visão de Deus e o
diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha,
assim como Vidas secas (1963),
de Nelson Pereira dos Santos.
5) Você cita que as “chanchadas
se constituíram em grandes sucessos populares” e que a maioria dos crítico as
abominava. Porque você acha que algo que atinge o popular com tanto sucesso,
acaba por causar essa repulsa nos que se propoem à falar sobre cinema? Afinal,
isso tem certa continuidade quanto aos tempos atuais: as obras ‘meneghelianas’
e os contínuos ‘Didi e não sei lá quem mais’, atraem o grande público, mas quem
realmente se considera um amante de cinema, as repudia. Sei que em volta disso
está a qualidade tanto das produções, como o enredo em si, mas além disso, pode
ser, de alguma forma, preconceito?
André
Setaro - A crítica, principalmente na
sua fase áurea, caracterizava-se pelo elitismo, a eleger os filmes que possuíam
temas nobres como as expressões máximas da arte do filme ou, então, aqueles que
influíam na renovação da linguagem cinematográfica (Eisenstein, Orson Welles,
Godard etc) e os movimentos também de renovação (expressionismo alemão dos anos
10 e 20, a
escola soviética da década de 20,
a escola documentarista inglesa, o realismo poético
francês, o neorrealismo italiano, a nouvelle vague francesa etc). Os filmes
mais populares (à exceção de um Chaplin e poucos), ou popularescos, eram, de
imediato, colocados de escanteio. Até mesmo uma boa parte do cinema made in
Hollywood (e de alto nível, Billy Wilder, Vincente Minnelli, Nicholas Ray,
Robert Aldrich, George Cukor…) não era considerada, excetuando-se um John Ford,
um William Wyler, entre poucos. Foi preciso que o revisionismo crítico
praticado pela revista francesa Cahiers du
Cinema descobrisse o valor de certos cineastas americanos,
dando-lhes o relevo e o status que mereciam (Howard Hawks, Alfred Hitchcock,
Nicholas Ray…).
Mas se, naquela época, as
chanchadas eram ridicularizadas, o passar do tempo se encarregou de pô-las em
seu devido lugar. Sérgio Augusto, por exemplo, jornalista e notável crítico de
cinema, publicou um livro, Este mundo é
um pandeiro, no qual faz uma exegese da importância da
chanchada para o cinema brasileiro. E há teses e dissertações de mestrados e
doutorados que contemplam as chanchadas como seus objetos de investigação e de
estudo.
Há, sim, ainda a responder o
questionamento anterior, preconceito em relação ao cinema mais popular. Andrea
Ormond, do site Estranho
Encontro, procura, por exemplo, através de uma investigação
crítica achar atributos em muitos dos filmes que foram rotulados
pejorativamente de pornochanchadas. A crítica, e aqui faço uma mea culpa porque
também a exerço há mais de trinta anos, é, na maioria dos casos, arrogante e
dona da verdade. Tem complexo de superioridade e de autoridade. É necessário
mais humildade e mais generosidade. Foi o que aprendi em seu exercício. Muitos
filmes dos trapalhões são toscos e simplistas, porém há alguns mais elaborados,
mas a crítica os joga na vala comum do esquecimento sem, ao menos, ter o
cuidado de observar um por um. Se, por um lado, há este preconceito, como
afirmei anteriormente, é o tempo o crítico supremo que irá julgar a permanência
de determinadas obras cinematográficas.
6) Quanto à descoberta de o
cinema como uma “expressão de arte”, e o encantamento por gênios como Kurosawa
e Fellini, o que exatamente acredita que diferencia suas obras das dos demais
profissionais? Pois uma vez ouvi dizer que Kurosawa “sente seus filmes enquanto
outros os vêem”, e se me fosse permitido encaixar alguém mais em tal posição,
incluiria Truffaut (excepcionalmente por Jules et Jim e Baisers volés).
André
Setaro – Há, cara Teeh, assim é se me parece, como diria Luigi Pirandello,
três espécies de cineastas: o autor, o estilista, e o artesão. O cineasta-autor
possui um universo ficcional próprio e um estilo particular, pessoal, uma, por
assim dizer, marca registrada. O veículo cinematográfico é um veículo para suas
idéias e pensamentos, e, nos filmes de um cineasta-autor, há constantes
temáticas e constantes estilísticas, isto é, um tema que perpassa todos os
filmes e uma maneira muito própria de manipular a linguagem cinematográfica.
Ingmar Bergman, por exemplo, cineasta-autor, utiliza-se do cinema como um
conduto para o seu pensamento e a sua visão de mundo. São autores realizadores
como Federico Fellini, François Truffaut, Charles Chaplin, Luchino Visconti,
Pier Paolo Pasolini, Alain Resnais (para mim, o maior cineasta vivo), Akira
Kurosawa, Yasujiro Ozu, Howard Haws, Hitchcock, Jean Renoir, Jean-Luc Godard,
Glauber Rocha, entre muitos e muitos outros. Já o cineasta-estilista não tem um
universo ficcional próprio, mas possui um estilo particular de se expressar
estilisticamente, a exemplo de Steven Spielberg (o que tem a ver Parque dos
dinossauros com A lista de Schinder?), John
Frankenheimer, James Cameron, Sidney Lumet etc. O cineasta-artesão não tem nem
universo ficcional nem estilo, mas sabe contar uma história com fluência
narrativa, embora não se possa, a investigar a filmografia de um
cineasta-artesão, verificar, nela, constantes temáticas nem estilísticas, pois
não as possui. Em relação à sua pergunta, gosto muito de François Truffaut,
principalmenteJules et Jim, que considero o seu melhor filme. Em
relação a Beijos
roubados/Baisers volés, considero-o simplesmente poético e
encantador. De Truffaut gosto praticamente de toda a sua obra (há filmes
menores, evidentemente), principalmente os citados e As duas inglêsas e o amor/Les deux anglaises et le
continent, Um só
pecado/Le peau douce,Os incompreendidos/Les quatre cents coups, A noite americana/La nuit americaine, et caterva.
Tenho particular admiração por Jean-Luc Godard (da primeira fase: seu Acossado/A
bout de souffle, 1959, é uma obra-prima) e Jacques Demy (Les
parapluies de Cherbourg, Peau d’âme, Les demoiselles de Rochefort…).
7) E as semelhanças encontradas
no neorrealismo italiano e o Cinema Novo? E quanto ao Cinema Marginal?
André
Setaro - O neorrealismo italiano se
caracterizou pelo despojamento estilístico e pela preocupação em retratar o
drama do homem comum e as contradições da sociedade em que vivia. O brado
“descer às ruas” de Cesare Zavattini, um dos principais teóricos e roteiristas
neorrealistas, significava que os realizadores deviam abandonar os estúdios
fechados para que fossem filmar in loco, isto é, nas ruas, abandonando os
artifícios dos estúdios e a apreender a realidade em sua essência vital. A
problemática social é um dos pontos importantes e a maneira pela qual os
realizadores a colocam cinematograficamente, inclusive com a utilização de
atores não-profissionais. Ao contrário do herói tradicional do cinema
americano, o homem apresentado nos filmes neorrealistas é um não-herói, a
diferir, também, do anti-herói da nouvelle vague, cujo maior exemplo talvez
esteja no personagem de Michel Poiccard interpretado por Jean-Paul Belmondo em Acossado (A bout de souffle, 1959), de Jean-Luc
Godard.
O Cinema Novo também tinha os
mesmos pressupostos básicos do neorrealismo: abordagem do drama do homem
brasileiro, as contradições de uma sociedade injusta e desigual, filmagens in
loco etc. Como exemplo pode ser citado Rio 40 graus (1955),
de Nelson Pereira dos Santos. Vários dos filmes do Cinema Novo são exemplos
desses pressupostos: Deus e o
diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, Os fuzis (1963),
de Ruy Guerra. Já o Cinema Marginal não tem tais pressupostos. É um cinema
anárquico, quase autodestrutivo, que experimenta muito a linguagem
cinematográfica, um cinema que proclama o caos e pergunta pela saída de uma
situação aparentemente fechada. Veja O bandido da
luz vermelha (1968), de Rogério
Sganzerla, O anjo
nasceu (1970), de Júlio Bressane, Meteorango Kid, o herói integalático (1969),
de André Luiz Oliveira etc.
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