Luiz Carlos Araújo, mais conhecido como Lula Wendhauser, morreu terça passada, e não teve tempo de ver nas telas o seu projeto tão sonhado: Velas ao vento, roteiro de um longa que preparava há mais dez anos, e que trata da angústia de sua geraçao. Fascinado pelas imagens em movimento desde cedo, Lula passou a vida dedicada ao cinema. Realizou alguns curtas como Ulla (sobre uma mulher que foi estuprada na Boca do Rio dos tempos da paz e do amor), A barca de Noel, A trajetória de um zagueiro, entre outros e, no momento, dedicava-se a alguns projetos alem de Velas ao vento: Bye, Bye Babilônia, Um chocolate, por favor, O grito da tela. Funcionário há muitos décadas do Departamento da Imagem e Som (DIMAS) da Fundação Cultural do Estado da Bahia, a sua morte causou consternação entre os seus colegas cineastas. Segundo soube, contava já 67 anos, embora não parecesse. Conheci-o há mais de 40 anos, quando fomos colegas no curso de Cinema dado por Walter da Silveira em 1968, mas o contato mais intenso se verificou quando ele me foi apresentado pelo saudoso fotógrafo de cinema Carlos Alberto Vaz de Athayde. Convidou-me em 1971 para ser seu parceiro no roteiro de A barca de Noel, mas depois o projeto sofreu muitas modificações.
Há dez anos, mais ou menos, para viabilizar as filmagens de Velas ao vento, convidou Rogério Sganzerla para dirigi-lo. O autor de O bandido da luz vermelha aceitou. A decisão de Lula foi tomada porque o nome de Sganzerla na direção, achava ele, facilitaria o processo de captação de recursos. Veio me mostrar a nota que saiu na Folha de São Paulo em página inteira. Mas, não sei por que cargas d'água, o projeto não deu certo. Lula Wendhausen tinha a sensibilidade à flor da pele, e, quando gostava de uma ideia, ao imaginá-la, chegava a chorar de emoção. Quando mais moço, atuou em teatro, e me lembro de O médico à força, de Molière, nos já distantes anos 60, em que faz um personagem, nesta peça montada pelo Teatro dos Novos e dirigida pelo célebre João Augusto.
Há dez anos, mais ou menos, para viabilizar as filmagens de Velas ao vento, convidou Rogério Sganzerla para dirigi-lo. O autor de O bandido da luz vermelha aceitou. A decisão de Lula foi tomada porque o nome de Sganzerla na direção, achava ele, facilitaria o processo de captação de recursos. Veio me mostrar a nota que saiu na Folha de São Paulo em página inteira. Mas, não sei por que cargas d'água, o projeto não deu certo. Lula Wendhausen tinha a sensibilidade à flor da pele, e, quando gostava de uma ideia, ao imaginá-la, chegava a chorar de emoção. Quando mais moço, atuou em teatro, e me lembro de O médico à força, de Molière, nos já distantes anos 60, em que faz um personagem, nesta peça montada pelo Teatro dos Novos e dirigida pelo célebre João Augusto.
Fica o registro e a saudade.
P.S: O desenho é de autoria de Caó Cruz Alves.
Maiores informações sobre os projetos de Lula no blog de Adalberto Meirelles:
http://pontocedecinema.blog.br/blog/os-projetos-de-lula-wendhausen-um-cineasta-que-ansiava-para-dar-o-grito-da-tela/
4 comentários:
O vício inocente do cinema
O vício não é inocente, caro Anônimo.
Está publicada sua assertiva.
André, você trouxe informações memoráveis sobre o Velas, como o convite de direção para o Sganzerla. Muito bacana. Obrigada pelo espaço dedicado ao nosso amigo.Abraço.
Carollini,
Não sei precisar o ano, mas o fato é que Lula veio me trazer a página da Folha de S.Paulo onde há a reportagem sobre o novo filme de Sganzerla, 'Velas ao vento'. Segundo me disse Lula, cansado de esperar pelos recursos, queria ver o seu roteiro nas telas, e o nome de Sganzerla, pensava ele, poderia ser uma solução para a captação Mas a coisa desandou.
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