Seguidores

24 maio 2010

Curta de Tuna, ressuscitado, é adotado como bandeira

Um curta de Tuna Espinheira (Cascalho) realizado em 1977 (há mais de três décadas), Cajaíba, Lição das coisas...O fazendeiro do ar, digitalizado e exibido em Vitória da Conquista, é adotado como bandeira de uma causa. Leia o texto abaixo escrito pelo próprio cineasta. Abrindo as devidas aspas:
"Um filme de barbas brancas, produzido nos idos de 1977, já posto em sossego, conseguiu ser digitalizado, após um primeiro tratamento de recuperação necessário para que se pudesse mexer com os seus negativos à mercê dos desgastes do tempo.
Ressuscitado, com cópia nova, foi selecionado pela mostra, CINEMA, MEMÓRIA E CULTURA POPULAR, um evento patrocinado por JANELA INDISCRETA e a UESB. A EXIBIÇÃO, DIA 18/05, no Teatro Glauber Rocha, contou com um público bastante significativo e, principalmente, com a presença da família do saudoso artista e personagem da fita, Cajaiba.

Não posso me furtar de dar dois dedos de prosa sobre o filme em questão e da razão maior do significado desta sessão. Vamos lá, no alto da serra de Periperí, em Vitória da Conquista, foi erguido um museu a céu aberto, monumentos esculpidos em cimento e ferro, formando um sítio de exposição permanente, com dezenas e dezenas de esculturas, de grande impacto estético que, por anos e anos, alumbrou as retinas cansadas dos incontáveis passantes, na mais gritante diversidade de gente, entremeados de Gringos, gregos e baianos.

O filme registrou o escultor em plena atividade, no ofício quixotesco, de dar continuidade a tarefa insone, do sonhado Museu... Fruto do suor do seu rosto, persistência indômita, sem contar com quaisquer subsídios do poder público, motivado pela energia emanada de um delírio febril que lhe nutria de força para apascentar a sua utopia.

Em 77 do século passado, saído forno, o filme ganhou o Prêmio de Melhor Roteiro, no X Festival de Brasília e o Prêmio de Melhor Proposta de Criatividade, na VII Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Foi selecionado para exibição comercial, na qualidade de complemento obrigatório, amparado em Lei, vigente na época. Nesta condição peregrinou na luminosa tela grande dos cinemas Brasil afora.

Um movimento aguerrido, formado por intelectuais, estudantes, professores, artistas, empresários e demais segmentos da comunidade conquistense, fez abrir um “front” de luta pela recuperação do incrível Museu a Céu Aberto, bastante desgastado pelo tempo e o vento. Este Museu de Cajaiba, é um cenário artístico de reconhecido valor, significa uma marca indelével para a cidade de Vitória da Conquista.

O nosso filme foi adotado como uma espécie de bandeira. Na estrada deste documentário, com certeza, este é o seu prêmio mais valioso.
Assino e dou fé,
Tuna Espinheira
e-mail: tunaespinheira@terra.com.br"

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

O cinema baiano sempre gerou cineastas de primeiro time... Apesar de sua crise... Que nada mais é do que a crise que nos afeta. Nós... A Humanidade!