Jean Cocteau, poeta e cineasta francês (Le sang du poethe, Orpheu, Les parents terribles...), encantado com a beleza de Ava Gardner, disse: ela é o animal mais lindo do mundo. E o escritor Hemingway declarou: "ela é a essência da feminilidade que as outras mulheres não sabem passar para os homens." Na sua época, foi uma atriz que fascinava as platéias. Frank Sinatra, que se casou com ela, mas quando quis abandoná-lo, tentou o suicídio e, por um triz, não morreu. Mas de onde veio esta diva? Quem era Ava Gardner?
Ava Gardner (1922/1990) nasceu numa fazenda da Carolina do Norte (Grabtown). Veio a morrer ainda no vigor da idade, aos 67 anos, de um virulento derrame cerebral, que a deixou quase paralisada. Ao sair do hospital, revelou que preferiria morrer a ficar inativa. Duas semanas depois novo Acidente Vascular Cerebral (AVC) deixou-a defunta. Passou a infância na fazenda e, se não fosse pela iniciativa de seu cunhado de enviar fotos de Ava para a Metro, talvez viesse a permanecer caipira para o resto da vida. Louis B. Mayer, o todo poderoso chefão da MGM viu, por acaso, as fotos de Ava Gardner e ficou em estado de choque. Sentiu que a beleza extremamente sensual daquela moça seria um sucesso nas telas. Mas Ava não sabia nada de representação e tinha um acentuado sotaque sulista, que os estúdios detestavam. Louis Mayer, no entanto, queria porque queria que Ava se tornasse uma estrela e chamou profissionais do mais alto gabarito para lhe dar aulas de interpretação e uma especialista em dicção para lhe tirar o sotaque caipira. Como parte do treinamento, Ava fez pontas em torno de 21 filmes até que foi emprestada à Universal para Os assassinos (The killers, 46), de Robert Siodmack (que seria refilmado nos anos 60 por Don Siegel), que revelou também Burt Lancaster. Trabalhou em outro filme da Universal: Um toque de Vênus (One touch of Venus, 1948), de William A. Seiter, mas seu potencial de atriz veio a ser reconhecido quando, de volta a Metro, Louis B. Mayer a incluiu no elenco do musical O barco das ilusões (Show boat, 1951).
Em 1952, ao lado de Gregory Peck, estrelou As neves do Kilimanjaro (The snows of Kilimanjaro), de Henry King, e, no ano seguinte, Mogambo, de John Ford, com Clark Gable e Grace Kelly. A condessa descalça (The barefoot contessa, 1954, de Joseph L. Mankiewicz, com Humphrey Bogart, filme de um cineasta-literato que propõe um puzzle em torno da enigmática Maria Vargas interpretada por Ava, consagrou-a definitivamente como grande estrela de Hollywood. Outros filmes, entre muitos, da atriz: A noite de iguana, de John Huston, E agora brilha o sol (The sun also rises, 1957), de Henry King, com Tyrone Power, Mel Ferrer, Errol Flynn, baseado em livro de Hemingway. Foi durante as filmagens deste filme que Ava resolveu enfrentar um touro furioso que a atacou, deixando, nela, um corte na face esquerda de seu bonito rosto. Feita a cirurgia plástica, Ava Gardner ficou com a marca escondida por maquilagem e traumatizada. De temperamento boêmio, adorava a vida noturna, era uma esponja alcóolica e terminou seus dias trancada, com sua governanta, num apartamento em Londres. Gostava mais da Europa do que dos Estados Unidos.
Foi casada com Mickey Rooney, nos anos 40 (sim, aquele baixinho que fazia dupla com Judy Garland), Frank Sinatra, e o músico Artie Shaw.
6 comentários:
Quem gosta de cinema, mais do que simplesmente gostar de ir ao cinema, de ver filmes, com o tempo, perde a noção clara do que faz parte de sua realidade pessoal e da fantasia que o cinema nos acrescenta.
Inesquecível, para mim, é, salvo engano, a sequência inicial de A Condessa Descalça, quando o grupo de americanos, em busca de uma estrela, vai à taberna e vê(?) Maria dançando. Na verdade, nós vemos apenas sua sombra. Mas isso é suficiente para dar ao espectador, com a câmera passeando pelo rosto da plateia, a nítida sensação de que estamos ali, presentes, vendo Ava Gardner em toda sua exuberância "animal".
Quem sabe se tudo isso não passa de mais uma das minhas fantasias.
Grande lembrança. Quanto ao texto, dizê-lo, quando seu, grande, não é dizer mais do que a verdade. Abraços.
Obrigado, Chico Vivas, por seu belo comentário e pelo que se refere a este escriba.
Para se preparar melhor como atriz, Ava Gardner trabalhou com o mestre George Cukor, especialista na direção de atores (principalmente mulheres), em "A encruzilhada dos destinos", que vi ainda menino, e que tem, como título original, "Bhowani junction", filme realizado em 56. Fui dar uma olhada em "Os filmes de hoje na Tv", obra pioneira de Rubens Ewald Filho, editada nos anos 70, quando somente se tinha acesso aos filmes do pretérito pela telinha doméstica, para consultar alguns dados sobre este filme.
A ENCRUZILHADA DOS DESTINOS (Bhowani junction, 1956). Com Ava Gardner, Stewart Granger, Bill Travers. Jovem anglo-indiana divide-se entre amor à oficial inglês e dever com seu país. O filme foi remontado pela Metro, tornando-o um longo 'flash-back', reduzindo o personagem de Ava (porque era muito promíscuo) e exagerando nas justificativas de seu comportamento.. Mas Ava, diz Ewald, fica linda de sari e a libertação da Índia nunca foi melhor fotografada
Tenho cópia em DVD ( gravado direto da TV)desse pioneiro filme da bela Ava.
Tenho um amigo, excelente ilustrador e diretor de arte que constumava dizer que toda vez que queria desenhar uma mulher bonita, saia a Ava Gardner...
Ava não tinha apenas um rosto belíssimo, o corpo dela era um complemento perfeito. Fiquei babando quando a vi pela primeira vez de biquini em "A Condessa Descalça" (grande filme). Ao lado de Wanda Hendrix, Debra Paget, Gene Tierney, Elizabeth Taylor e outras, foi um dos rostos mais lindos da telona. Talvez você ache a sua querida Brigitte Bardot a mais bonita, né, André?
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