Seguidores

20 junho 2009

Morre Perry Salles

Morreu, há dias atrás, o ator e diretor Perry Salles, 70 anos, de câncer, cujo corpo foi cremado no cemitério do Cajú, Rio de Janeiro, mas, antes de seu último suspiro, pediu que suas cinzas fossem jogadas no mar bravio de Trancoso (localidade perto de Porto Seguro, Bahia). Salles, nos anos 90, arrendou o Teatro Gamboa em Salvador e veio morar na Bahia, indo sempre passar longas temporadas em Trancoso. Pessoa anárquica (no bom sentido), demolidor, de visão irônica exemplar, era uma figura sui generis. Uma vez, estando o cineasta José Umberto a fazer um documentário para televisão em Monte Santo, Salles apareceu por lá a espantar as beatas e a dizer que Deus tinha morrido e substituído pela ciência. Monte Santo, como se sabe, é a cidade que serviu para algumas locações de Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha - sequência da subida da colina por Geraldo D'El Rey com uma pesadíssima pedra na cabeça, a matança dos beatos por Antonio das Mortes, etc.
Ainda que separado de Vera Fischer, com a qual viveu longos anos, mantinha com ela um forte laço de amizade. Quando de sua agonia final, a atriz o hospedou em seu apartamento no Leblon. No cinema, dirigiu Intimidade (1975) em parceria com o diretor inglês Michael Sarne, filme baseado em história de Carlos Heitor Cony e estrelado por Vera Fischer, além de ter sido o seu produtor. Era um ator, contudo, essencialmente teatral.com forte presença cênica. Em 1982, realizou Dora Doralina também com a bela Fischer ao lado de Cleyde Yáconis.
Trabalhou em algumas novelas da Globo (Os gigantes, Mandala...) e apareceu em diversos filmes nacionais desde a chanchada Os donos da bola, de J. B. Tanko, com Ronald Golias e Grande Otelo, em 1961, Assassinato em Copacabana, de Eurípides Ramos, em 1962, com Maria Pétar e John Herbert, A Super Fêmea (1973), de Anibal Massaini Neto, que lançou Vera Fischer, As delícias da vida (1974), de Maurício Rittner, entre muitos outros.
O blog faz aqui singela homenagem à figura de Perry Salles, que conheci na sua temporada baiana.

4 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Independente de suas qualidades artísticas, e me permitindo dar uma de machão (invejoso), acho que ele comeu uma das mulheres mais bonitas e charmosas do Brasil.
Claro, numa época em que ainda era bela e charmosa.
Uma vez (cerca de 10 anos atrás), estando em Ipanema, fui tomar um suco numa dessas lojinhas de sucos muito comuns aqui no Rio.
Entrou a Vera Fischer. Cara, todo mundo parou, e babou o suco que vertia. Inclusive eu, claro!
Aquela mulhher era um monumento. Por Zeus, ela devia estar no Olimpo e ficado daquele jeitinho ad eternum...

André Setaro disse...

Conheci Perry Salles quando, década de 90, veio morar aqui na Bahia e arrendou o pequeno Teatro Gamboa, que fica nos Aflitos. Alternava suas temporadas soteropolitanas, com suas estadias em Trancoso, onde também ficava solitário diante do mar bravio e em lugar ermo. Sim, caro Jonga, era um mulherengo de toda hora. Não podia ver uma bela mulher pela frente que não insinuasse qualquer coisa. Ainda que separado de Vera Fischer, esta ficou sua amiga até o último suspiro. E inclusive lhe emprestava dinheiro.

Matheus Trunk disse...

Prezado professor Setaro, sou grande admirador do grande Perry Salles, foi um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos. Creio que ele teve poucas chances no cinema, mas foi um homem acima da média com toda certeza. Foi amigo de gente da qualidade de Frengolente, Rodolfo Arena e outras cobras criadas. Queria muito tê-lo entrevistado, sou fã dele. Uma pena ver nossos ídolos morrendo assim, sem o devido reconhecimento da imprensa e da mídia em geral. Perry Salles era um grande ator.

Matheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com

Matheus Trunk disse...
Este comentário foi removido pelo autor.