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16 dezembro 2008

A "revoada" de Tuna sobre a interferência no filme de José Umberto

O cineasta Tuna Espinheira, realizador de Cascalho, quando soube que Revoada foi montado à revelia de seu autor, José Umberto, ficou indignado, e me mandou uma mensagem. Como ele diz muito bem, a montagem pode desfigurar complamente a concepção original de uma obra cinematográfica. É o que aconteceu com a ação dos produtores, que tiraram das mãos de Umberto a possibilidade de montar o seu filme à sua maneira. E a idéia de Umberto era a de uma montagem com planos-seqüências, tomadas mais demoradas, e, segundo soube, o filme está meio videoclipado à procura de uma narratividade que o desfigura totalmente. Publico a seguir, tal como a recebi, a mensagem de Tuna:
"Li no seu blog, a triste notícia da finalização e cópia pronta do filme: Revoada, de José Umberto. É uma página agônica para o cinema baiano, como um todo. Não há o que comemorar. Agora vamos trocar em miúdos estas primeiras linhas, sombreadas de um certo surrealismo. Em condições adversas, como em toda filmagem de baixo orçamento, o Roteirista, Diretor e, principalmente, ganhador de uma licitação pública (Concurso de Roteiros do MINC), conseguiu captar as imagens necessárias para a montagem e edição do seu filme. Até aí, pelo sim e pelo não, as coisas andaram nos trilhos. Na segunda etapa, na mesa de montagem, momento crucial, quando a obra passa a tomar forma e adquirir o sopro de vida, com a imprescindível presença do seu criador. Justamente neste momento, espaço sagrado da urdidura do filme, aconteceu uma armadilha do destino: O Autor ficou doente, carecendo de tratamento delicado e urgente. Foi obrigado a se afastar, por um dado período, da finalização do filme.
Deu-se então que, o que poderia ser conversado, no sentido de chegar a um denominador de consenso, foi atropelado pela decisão sinistra, ao arrepio do direito autoral, e contra a vontade do cineasta em questão, de se coletar (para não usar termos mais próprios) à revelia, o material, em estado de montagem, e entregá-lo a um montador paulistano, afeito ao pai e mamãe cinematográfico, para colar, dentro da sua ótica, os planos e seqüências de Revoada... Vade retro...
Em qualquer material filmado, caso seja entregue a 10 montadores de cinema (sem o acompanhamento do Diretor), teremos 10 filmes muito diversos um dos outros. Com um grande risco da elaboração final (lembrando o saudoso “Lalau”), produzire o “Filme do crioulo doido”.
Acho que expliquei agora as razões das primeiras dramáticas/trágicas linhas
."

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

Quando Tuna brilhantemente diz: "... em qualquer material filmado, caso seja entregue a 10 montadores de cinema (sem o acompanhamento do Diretor), teremos 10 filmes muito diversos um dos outros..." está dito tudo de forma clara e provada a atitude criminosa desses produtores e/ou usurpadores de uma autoria.
Mais uma vez solidarizo-me com Zé Umberto, a quem, para além da velha amizade, tenho o maior respeito.
Continue sua luta, amigo. Um dia você vencerá esta contenda!