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21 outubro 2008

Minnellianas



Tenho profunda admiração por Vincente Minnelli. Realizador notável, é perfeito tanto no musical, como nos dramas ásperos ou nas comédias. No primeiro, revolucionou o gênero quando , em início dos anos 40, convidado pelos produtores de Hollywood, largou a Broadway, e realizou, logo de saída, Uma cabine no céu (Cabin in the sky), musical com elenco todo constituído de negros, que se constituiu num espanto para a época (Orson Welles, em meados dos anos 30, montou em Nova York, MacBeth somente com atores afrodescendentes (a expressão é policamente correta, e, como sou totalmente politicamente incorreto, uso-a para não repetir, no texto, negros). Minnelli introduziu o número musical na ação dramática, tornando-o o próprio assunto dos filmes. Agora seremos felizes (Meet me in St. Louis), reconstituição da atmosfera do início do século XX nos Estados Unidos na cidade que dá nome ao título original, é uma obra-prima, uma beleza de filme. O pirata é de uma ousadia cenográfica que ainda causa estupefação, fascínio, admiração. Neste, como naquele, a admirável Judy Garland, que acabou por conquistá-lo, casando-se com o misógino Minnelli. E não daria para ficar, aqui, citando os seus musicais intrigantes e fascinantes, sob pena de o post se estender além das medidas e da pressa daquele que o escreve. Mas o que dizer de A roda da fortuna (The band wagon, 1953), obra que reflete sobre a decadência do filmusical, que, na verdade, se estenderia, no máximo, no seu estilo clássico, até Gigi, do mesmo Minnelli, em 1958. Depois vieram as superproduções do gênero, a exemplo de Amor, sublime amor (West side story, 1961), ,de Robert Wise e Jerome Robbins, que o Telecine Cult passou recentemente na abominável tela cheia, quando o filme é em scope (creio, aliás, que filmado em 70mm), A noviça rebelde (The sound of music, 1965), entre tantos outros.Nos dramas ásperos com acentos melodramáticos altamente estilizados, Minnelli tem Assim estava escrito (The bad and the beautiful, 1953) e Deus sabe quanto amei (Some came running, 1958) como obras fundamentais. Na comédia, para ficar em uma só Papai precisa casar (The Courtship of Eddie's Father, 1963), com Glenn Ford, Stella Stevens, Dina Merrill, Shirley Jones, Ron Howard, além de Teu nome é mulher, Brotinho indócil, entre muitas outras.
Mas ia falar de A cidade dos desiludidos (Two weeks in another town, 1962), com Kirk Douglas, que tem muita afinidade com Assim estava escrito. Mas fica para a próxima.

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