Quando um filme atinge um grau de ruindade insuportável passa, na minha opinião, a ser interessante. É o caso das fitas realizadas por Ed Wood, que foi considerado o pior cineasta do mundo e objeto de atenção, para um filme, do prestigiado Tim Burton. O que é um filme ruim? Quando pode um filme atingir às raias da imperfeição absoluta? Eis a questão. Pena que não esteja em São Paulo para enriquecer minha pouca bagagem cinematográfica com 50 preciosas porcarias.Porcarias, aqui, num sentido angular e não na expressão da palavra.
Um dos mais respeitados e festejados cineastas brasileiros, Carlos Reichenbch tem, em sua filmografia, títulos importantes como Lilian M - Relatório confidencial, de 1974, o seu segundo longa, quando tem seu roteiro eleito como o melhor do ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Obra de inusitada importância no panorama do cinema brasileiro dos anos 70, Lilian M é um filme que precisa, e urgentemente, ser revisitado. E importantes também são Filme Demência (1985), aclamado em Gramado, Anjos do arrabalde, sincero e comovente drama sobre professoras da periferia de São Paulo, em 1987, único filme brasileiro incluído na mostra The Cutting Edge, que percorreu mais de 30 cidades norte-americanas. Além do prêmio L'âge d'or da cinemateca da Bélgica. Cinco anos se passaram para o próxima longa, Alma corsária, que tem no seu elenco a presença do baiano Bertrand Duarte (por onde anda?), obra de impacto que, inclusive, além de rodar quase o mundo todo, foi votado pela Associação dos Críticos do Rio de Janeiro como um dos 10 melhores filmes de 94. Vieram depois: Dois córregos (1998), As garotas do ABC, Bens confiscados (que passou recentemente no Canal Brasil como o filme do mês) e, atualmente, está com um filme no mercado e muito bem recebido pela crítica: Falsa loura.
Reichenbach, além de cineasta, é um profundo conhecedor de cinema. Tem uma bagagem filmográfica considerável. Seu ensaio sobre Valerio Zurlini, o grande realizador italiano de Dois destinos (Cronaca familiare) é definitivo e se constitui numa exegese erudita da obra desse importante diretor.
Bem, queria falar neste post sobre a mostra dos piores e acabei a me referir ao patrocinador desta, e o título, creio, não ficou muito adequado. De todo modo, fica como está. Não vi Corrida em busca do amor, primeiro longa de Reichenbach em 1971. Mas me lembro de ter visto, em programa duplo, em cinema poeira de Salvador, A ilha dos prazeres proibidos. Outros, infelizmente, desconheço: O império do desejo (1980), Amor, palavra prostituta (1980), Extremos do prazer (1983).
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11 comentários:
Deve estar mostrando este filme entao:
http://www.rottentomatoes.com/m/worst_movies_ever_made/#synopsis
Setaro, ví Aúdácia "naquela sessão do Cine Avenida" (como diz Gil na canção) em CG.
Lembro que, entusiasmados, eu e meu irmão Rõmulo, saímos gritando pelas ruas" Filma Paula Nélson !". A frase virou um bordão na nossa turma. Toda vez que alguém citava o trecgho de um roteiro inédito ou uma sequência genial ue pretendia filmar um dia, todos gritavam: "Filma Paula Nélson".
Falsa Loura estreou esse fim de semana aqui em SSA. Já viu?
Tive o prazer de ser apresentado a Carlos Reichenbach em São Paulo, por intermédio de nosso amigo comum (e autor do argumento de "Perãmbulo") José Carlos Menezes,
"Carlão", como era popularmente chamado, era professor do Menezes no curso de cinema que fazia na Fundação Armando Alvares Penteado.
Carlão, que iniciou sua escalada no cinema no primeiro curso de cinema do Brasil na Escola Superior de Cinema São Luiz, ali realizou o seu primeiro curta-metragem em 35 mm, "Esta Rua Tão Augusta" (1966), na verdade o segundo em sua obra que se iniciou com um outro curta realizado em 16 mm (Duas cigarras - 1965).
Um dos grandes conhecedores da 7ª arte neste país, Carlão foi também dos precursores do cinema "underground" surgido naqueles anos 1960, cujo maior expoente foi o cinema da "Boca do Lixo", tendo sido diretor/produtor/fotógrafo/roteirista/ator de dezenas de filmes que marcaram a história do cinema brasileiro.
É verdade! Carlão ou Don Corleone, como é chamado, tem grande participação no cinema paulista de um modo geral, principalmente entre o pessoal da Boca do Lixo. Além de realizador, é excelente iluminador e funciona em muitas atividades. Lembro-me que o nosso conhecido comum, José Carlos Menezes, quando mostrou, aqui na Bahia, o seu "Por que", disse que a fotografia era de Carlos Reichenbach, que já era um nome conhecido. "Por que", que vi uma vez, parece que foi uma conclusão do curso de cinema que Menezes fez em SP. Vi uma vez, há muitas décadas, e o filme, parece-me, passa-se todo numa estrada. No final, uma perplexidade tão ao gosto de Menezes, como o "perâmbulo" que, morto de fome, acaba por roubar um prato de comida em restaurante e tem o azar desgraçado de ser atropelado e o prato estilhaçado.
SETARO,
em primeiro lugar, fiquei surpreso em me descobrir objeto de pesquisa; confesso que cravei um voto em FILME DEMÊNCIA.
Acho que o termo "patrocinador" é muito formal; o que eu faço nestas sessões e a curadoria de um acervo que venho paulatinamente enriquecendo de filmes de excessão. Agora, graças aos fóruns de compartilhamento, meu acervo de DVDs e AVIs está "saindo pelo ladrão". Quanto ao documentário, você tem razão: "tem filmes que tão ruins acabam ficando bons". Os documentaristas incluiram até ISHTAR, aquele naufrágio retumbante da Elaine May, com Dustin Hoffman e Warren Beatty. Entre os diretores incluidos na seleção dos 50, sou fã assumido de Jack Hill (do genial e maoista "Switchblade Sisters") e Monte Hellman (qie por sinal foi um dos jrados que premiaram ALMA CORSÁRIA, em Pesaro - Itália).
Em tempo: por onde anda o José Carlos Menezes (ele aparece rapidamente em CORRIDA EM BUSCA DO AMOR como um enfermeiro).
Em tempo 2: tenho procurado insanamente nos fóruns de compartilhamento DEUS SABE QUANTO AMEI, de Minelli (que eu sei que você adora). Quando achar te aviso.
Talvez até pela importância da obra em todo o contexto, votei em "Lilian M...". Todavia asseguro que mais uma vez nos deixaste em uma situação difícil, porque "Carlão" tem uma obra importente e todos os seus filmes têm um inquestionável valor cinematográfico.
Olá, professor,
não acredite no que andam dizendo sobre Clark Gable.
Beijo,
Gabriela
olá, professor,
não acredite no que andam dizendo sobre Clark Gable.
Beijo,
Gabriela.
e o senhor já deve ter visto, mas se ainda não viu, cá está o link para o vídeo com a reação do Saramago após ver "Blindness":
http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/arch2008-05-18_2008-05-24.html#2008_05-21_19_16_19-11204329-26
viu o video do saramago? viu o video do saramago? é tão bonito!
pois é, professor, li também as resenhas sobre a polêmica biografia do Gable, mas prefiro acreditar no paulo francis, que dizia que o gable e o seann connery foram os únicos "machos certificados" do cinema
beijo
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