Um corpo que cai (Vertigo), entre 29 votantes, recebeu 12 votos (41%), uma expressiva margem de diferença, e, segundo os leitores deste blog, é o melhor filme de Alfred Hitchcock. Um corpo que cai, assim como outros filmes do mestre, levou vinte anos sem ser visto pela platéia mundial até que, morto o artista, a sua filha, Pat, resolveu liberar as obras que o pai tinha guardado. Não se sabe o motivo, mas o fato é que, em 1984, um pacote Hitchcock foi relançado com pompa e circunstância, a ponto de ter vindo ao Rio, para marketing do pacote, o veterano James Stewart. Os filmes do citado pacote eram Um corpo que cai, Janela indiscreta, O homem que sabia demais, Festim diabólico, e O terceiro tiro. A nova geração de críticos e cinéfilos somente sabia da existência de Vertigo, e dos demais aqui citados, de ouvir falar. A reapresentação dos filmes guardados possibilitou uma revisão e a aclamação de Vertigo e de Rear window como dois dos maiores, não somente de Hitch, mas da história do cinema. A Folha de S.Paulo, por exemplo, em 1995, na data comemorativa do centenário do cinema, fez pesquisa extensa e abrangente entre os críticos do mundo inteiro (é possível achar nos arquivos da Folha via internet), que deu, mais uma vez, a Cidadão Kane, de Orson Welles, o título de o maior filme de todos e a Um corpo que cai um significativo segundo lugar.
Mas se Vertigo tem 41% das preferências, o segundo, com 24% e 7 votos, vai para Psicose (Psycho), um dos filmes mais impactantes da história do cinema com a seqüência antológica da ducha de chuveiro de Janet Leigh, quando é esfaqueada por Bates travestido de sua mãe. O terceiro vem logo perto, com 6 votos (20%), Janela indiscreta. A distância deste para Intriga internacional é grande (3 votos, 10%). Pessoalmente tenho fascinação por North by northwest, que considero um dos melhores filmes não somente do mestre mas de toda a história do cinema. Interlúdio/Notorius, quintessência hitchcockiana, recebeu, apenas, um minguado voto. Marnie, belíssima obra, não foi agraciada e ficou com zero.
Será que o Telecine Cult terá coragem de exibir a versão colorizada de A malvada (All about Eve, 1950)? É possível, a considerar os maltratos que pratica com os filmes originariamente realizados em cinemascope, que são mostrados espichados, deformados, na abominável tela cheia (full screen). Não deveria ficar espantado ou, mesmo, zangado, quando vejo o masscre dos filmes em cinemascope.Os canais por assinatura e a cabo são capazes de tudo para aumentar a audiência e, verdade seja dita, o consumidor brasileiro não é exigente, principalmente em relação às coisas do cinema. O grande público apenas se interessa pela trama, pela história, tem preguiça de ler as legendas, está pouco ligando se o filme é cinemascope ou não. O que interessa é a ação. Mas o canal que se diz Cult, e antigamente se dizia Classic (nessa época havia respeito pelos formatos) deveria ser menos hipócrita, a respeitar os formatos originais dos filmes apresentados em sua grade programativa. Quando exibe filmes no formato certo a programação atende às solicitações do cinéfilo. O Cult está a oferecer bons filmes. Há pouco, por exemplo, viu-se, nele, O conformista, belíssimo filme de Bernardo Bertolucci - que não se encontra em DVD. E há os comentários lúcidos e coerentes do sempre competente Marcelo Janot.
3 comentários:
Votei em "Um corpo que cai", mas juro que foi difícil, pois todos os filmes são muito bons.
Havia até comentado anteriormente sobre isto, quer dizer, escolher o melhor de Hitch é uma parada dura.
Tenho uma queda por "Janela indiscreta" e "Intriga internacional". Senti falta (já lhe havia dito) de "Festim diabólico" na lista. A sua seqüência sem cortes é fenomenal.
Apesar de tudo, "Psicose" não merece um segundo lugar entre os que estavam na listagem...
Outra decisão difícil pra caraças... Toda a obra de Fellini é demais da conta.
Enfim, meu voto já foi para "Oito e meio", uma obra-prima (que. pelo jeito deve ganhar)
Mas "A doce vida" é inesquecível.
Para mim foi marcante, pois a assisti no saudoso Art-Palácio Copacabana, em sua pré-estréia. Detalhe: ainda não tinha 18 anos. Foi um marco!
Mas, filmes como "Amarcord", etc, etc, etc, são todos parte da história do cinema.
Graaaande Federico Fellini!
Juro que não sei porque alguns filmes belíssimos sequer são mencionados e escolhidos nas enquetes. Verdade que escolher "os melhores" e esqueçer "os piores" é uma balança de difícil equilíbrio levando-se em conta que os critérios, em sua maioria, se definem pelo mercado, pelas bilheterias,etc. e nem sempre pelo "gosto de cinema".
Escolho Marnie, Confissão de uma Ladra, porque entre Wiston Graham e Hitch, o segundo consegue ser melhor.
Postar um comentário