Durante os anos de chumbo, década de 70, principalmente, o Instituto Goethe (Icba) se constituiu num pólo aglutinador para todos aqueles que, amantes das artes e da liberdade, não tinham outro point no qual não sentissem a vigilância dos agentes do sistema, porque o Icba (no Corredor da Vitória) era, na verdade, um espaço quase consular.
No que se refere ao cinema, o Goethe Institut patrocinou a exibição de todo o chamado Novo Cinema Alemão, com as obras completas de realizadores do quilate de Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Alexander Kluge, Wim Wenders, entre muitos outros. Além destes mais recentes, o acervo da cinemateca do Icba mostrou o expressionismo alemão, dando a ver obras de importância indiscutível, a exemplo das de Fritz Lang, Murnau, Pabst, e o significativo O gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, carro-chefe expressionista que se, hoje, pode ser apreciado em DVD, naquela época era uma avis rara somente conferida em mostras especiais.
No Instituto Goethe, toda uma geração de soteropolitanos pôde desenvolver suas aptidões artísticas. Havia uma infra-estrutura capaz de possibilitar a encenação de peças teatrais, shows musicais, exposições de pintura, além de uma excelente biblioteca aberta ao público. Não se pode deixar de registrar a existência de um quiosque com um bar, que servia de extensão à apreciação dos espetáculos. Também neste espaço, várias jornadas de cinema foram instaladas e estas tiveram o seu apogeu quando todas as atividades eram concentradas no Goethe.
Uma notícia alvissareira para os cinéfilos: o Instituto Goethe está, novamente, após uma certa calmaria na sua programação, a patrocinar uma excelente mostra do cinema contemporâneo que se faz na Alemanha depois da queda do Muro de Berlim. A partir de 19 de fevereiro, portanto, amanhã, até 1 de abril, todas as terças-feiras, no Cine-Teatro do Goehte-Institut, às 20h, acontece a mostra Novos Filmes Alemães. Iniciando as atividades culturais do instituto, a mostra busca trazer, gratuitamente, para a comunidade baiana, os últimos destaques do cinema alemão e, com isso, pulverizar um pouco a mesmice programativa da cidade com a oferta de uma cinematografia que tem ponto marcado na história do cinema.
Para saber dos filmes e das mostras programadas, basta acessar o site: http://www.goethe.de/ins/br/sab/ptindex.htm,
A imagem que ilustra este post é de Conexão Kebad (Kebab Connection), de Anno Saul, o primeiro filme da mostra, que passa amanhã, terça, às 20 horas. Conta a história de Ibo, um hamburguês turco de 21 anos, que adora Bruce Lee, e sonha em rodar o primeiro filme alemão de Kung-fu. Com um spot de propaganda para a casa de Döner Kebab (churrasquinho grego) do tio, ele é apontado como o novo Steven Spielberg em seu bairro. Mas uma gravidez inesperada de sua namorada dá um freio em sua vida. Seu pai é radicalmente contra porque a moça não é turca, e ela também o põe para fora, pois o rapaz nem pensa em trocar fraldas. A Ibo restam apenas seus amigos e os spots. E a sensação de querer de volta sua antiga vida. A conferir obrigatoriamente, portanto, como dizia o crítico carioca Antonio Moniz Viana.
Um comentário:
Aliás, ainda na década de 60, mais precisamente em 1966, quando estive aí na Bahia, o Instituto Goethe já realizava exibições de filmes do “Expressionismo alemão”, que naquela época (por ainda não existir vídeo ou DVD) eram uma preciosidade. Lembro-me que vimos “Metropolis” e “O gabinete do dr. Caligari” entre outros.
Bom que esteja voltando a realizar novos eventos.
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