Cary Grant e Ingrid Bergman em Interlúdio (Notorius, 1946), um dos mais brilhantes filmes de Alfred Hitchcock. Infelizmente a cópia em DVD distribuída pela Continental deixa muito a desejar. Acontece que Notorius foi recusado, a princípio, por um grande estúdio, e sua equipe encontrou guarida apenas na R.K.O. Assim, ficou desprotegido para o lançamento em DVD, e a Continental ou comprou seus direitos ou é capaz de o filme ter caído em domínio público. Pena porque a grande maioria dos filmes do mestre está lançada no disquinho em excelentes cópias, principalmente os filmes coloridos de Hitch, em Vistavision, a exemplo de Intriga internacional e Os pássaros, entre outros. Em Notorius presente a quintessência hitchcockiana. O mestre furou o conceito de obra-prima (que é a melhor de determinado artista) por ter realizado várias. Fica até difícil dizer: qual a obra-prima de Alfred Hitchcock?
Enquanto isso, nas telas brasileiras, o impacto de Onde os fracos não têm vez (No country for old men), dos irmãos Coen, obra especialíssima, e difícil de encontrar algo parecido no anêmico cinema da chamada contemporaneidade. Joel e Ethan Coen privilegiam, antes de tudo, em sua maneira de construir espetáculos, o cinema enquanto elo sintático. Para ver urgente, pois, não tenho dúvida, um dos maiores lançamentos de 2008. E encontrar filme bom, na atualidade, é como encontrar agulha no palheiro: muito difícil. Há interpretações inexcedíveis. Em primeiro lugar, destacaria Tommy Lee Jones (seria impossível encontrar outro ator tão bom para o personagem), Javier Bardem e Josh Brolin, todos a atuar segundo a batuta dos irmãos.
A pesquisa "quem é o maior de todos" já se encerrou. Venceu, com 60 por cento dos votos (17), Glauber Rocha. Em segundo lugar, Rogério Sganzerla com 21 por cento (6 votantes), e, em terceiro, Nelson Pereira dos Santos, com apenas 10 por cento e 3 votos. Roberto Farias, 7 por cento, 2 votos. Mário Peixoto, o realizador célebre de Limite, ficou sem votos. Votei em Glauber porque autor de duas obras-primas absolutas do cinema brasileiro: Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe. Nelson tem grandes filmes (Vidas secas), mas uma filmografia irregular. Rogério realizou o extraordinário O bandido da luz vermelha, que está na minha relação dos cinco maiores brasileiros de todos os tempos.
Encerrei o affair Revoada, a salvar, apenas, algum fato novo significativo que venha a acontecer. E a esperar que o realizador, o autor do filme, José Umberto, consiga reaver o seu domínio sobre o corte final.
3 comentários:
Setaro, meu caro, outro imperdível em cartaz e já dos melhores do ano que mal começou é A ESPIÃ, do holandês Paul Verhoeven. Você viu? Não perca de forma alguma, gostaria de saber o que acha. Simpatiza com o Verhoeven? Forte abraço!
"Anêmico cinema", "agulha no palheiro"... foi exatamente o que eu senti ao ver este filme. É uma grande obra, que reva as esperanças da gente no cinema "moderno"...
Seria uma parada dura faszer uma enquete sobre o melhor filme de Hitch... quanto à de diretor, creio que foi justa. Ninguém, melhor do que Glauber Rocha, conseguiu uma obra marcante para o cinema por terras tupiniquins.
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