Na pesquisa que fiz neste blog, aqui ao lado, e que se encerrou hoje, dia 30, para a escolha do melhor filme brasileiro de 2007, houve quatro opções, quando poderia, reconheço, ter havido mais uma ou duas. O fato é que dentre os 47 votantes, 31% escolheram Tropa de elite como o mais expressivo do ano ou, pelo menos, o que mais agradou a uma maioria votante. Em segundo lugar, empatados, Jogo de cena, de Eduardo Coutinho, e O dia em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer, cada um com 25% das preferências. O menos votado foi Santiago, de João Moreira Salles.
Na minha opinião, porém, o melhor filme brasileiro do ano que passou foi, sem dúvida, Jogo de cena, de Eduardo Coutinho, que estabelece, aqui, uma reflexão tensa sobre as fronteiras tênues entre o documentário e a ficção, a fazer surgir, como o próprio título sugere, um jogo de cena. Santiago também é um documentário que se indaga como tal, a permitir que seu autor reflita sobre o processo de criação cinematográfica durante o desenrolar de sua narrativa. O filme de Coutinho, no entanto, é o mais envolvente, uma grande obra que ratifica o seu talento de documentarista criador, a exemplo de tantos filmes importantes como Cabra marcado para morrer, O fim e o princípio, Edifício Master, etc.
Cao Hamburguer conseguiu introduzir muita sensibilidade na descrição dos anos de chumbo, durante um campeonato de futebol, quando os pais de um garoto são pressionados pela ditadura militar em seu auge. Já Tropa de elite, thriller competente de José Padilha, divide as opiniões. Alguns o consideram de teor fascista, e outros, menos macomunados com as idéias fixas, um exercício para a exposição das fraturas expostas do nervoso centro urbano carioca, onde uma guerra civil já se instalou há muito tempo.
3 comentários:
Se os critérios definidos para os melhores levar em consideração confrontos de valores, choques culturais e capacidade da película para inquietar e provocar questionamentos, fico com Santiago.
S.A.
errata: leia-se levarem em.
Acabei não votando nos melhores filmes brasileiros pela simples razão de não tê-los visto a todos. Achei que seria injusto manifestar-me por algum.
Quanto ao nosso realizador de maior expressão, já votei, E, sem dúvida marquei Glauber Rocha.
Fiquei por momentos dividido entre ele e Nelson Pereira dos Santos, mas a genialidade explosiva e barroca de Glauber transcende.
Mario Peixoto tem seu lugar, muito embora tenha realizado apenas uma obra tardiamente reconhecida e justamente aclamada.
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