Antes de partir (The bucket list, 2007), de Rob Reiner, é o último filme de Jack Nicholson, um dos mais aclamados atores do cinema contemporâneo. A rigor, Nicholson é um sucessor dos grandes astros à maneira de um Marlon Brando ou de um Paul Newman. Acaba de completar 70 anos, mas se encontra em forma, ainda que fumante inveterado, que acende um cigarro no outro - a contrariar esta mania do politicamente correto e a esta maldita psicose antitabagista que assola o planeta. Paulo Autran, apesar da cirurgia de revascularização do miocárdio feita nos anos 80, nunca deixou o seu cigarro, e veio a morrer mais de vinte anos depois. Não se está aqui a fazer a defesa do cigarro, que faz, realmente, mal a saúde, mas a defesa da liberdade de se fumar e até mesmo de se matar. Cada um faz o que quer ou, a lembrar um filme do começo da década de 70 interpretado por Nicholson, Cada um vive como quer, de Bob Rafelson.
Mas se se for pensar bem, a figura de Nicholson é familiar já há quase quarenta anos. Ficou conhecido em 1969, na pele do advogado muito louco de Sem destino (Easy rider), de Dennis Hooper e Peter Fonda, como carona da dupla on the road, de capacete vermelho e a falar pelos cotovelos num personagem marcante. O sucesso de um ator está muito na sua personalidade, que é mais importante do que a sua beleza. É o caso de Nicholson. Quando aparece em cena derruba seus colegas.
Antes de partir é um filme sobre dois homens em estado agônico e terminal (por câncer): Jack Nicholson e Morgan Freeman. O título original, the bucket list, refere-se à lista que os dois personagens fazem sobre coisas que devem fazer antes de morrer, ou, como quer o título em português, antes de partir. As duas fotos que ilustram a postagem dominical mostram Nicholson. A primeira é imagem recente, mas a outra, a branco e preta, é de anos passados, exatamente janeiro de 1974, quando Nicholson e Roman Polanski estiveram aqui em Salvador logo depois do carnaval carioca. Modéstia à parte, estive com eles no Hotel da Bahia. Na foto, a imagem registra a chegada das duas personalidades ao aeroporto 2 de Julho (recuso-me a chamá-lo Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães) e quem está ao lado é o famoso comentarista cinematográfico (hoje atuante mas meio aposentado) José Augusto Berbert de Castro. Polanski e Nicholson estavam se preparando para filmar, assim que voltassem para os Estados Unidos, Chinatown, um dos grandes filmes dos anos 70 que reviveu, com singular eficiência e estilo, o noir.
2 comentários:
Nicholson deixou sua marca em todos os filmes em que atuou.
Quanto ao anti-tabagismo, não é à tôa que nasceu na Alemanha hitlerista. Considero uma forma de descriminação das mais agudas de nosso tempos.
E dizer que o próprio cinema o exaltou e fez merchandising de todas as suas formas, do charuto ao cigarro, passando pelo cachimbo.
Um fato para ser discutido e debatido e não ser aceito como está, de forma totalitária e cruel.
Afinal, a maioria dos que fumam, o fizeram em função de uma massiça propaganda em todos os níveis.
Caro André Setaro
Sem dúvida, Nicholson é um ator completo. Viveu diversos personagens e deu "vida" a eles com sua marcante interpretação. Um ator que não se repete, estando no mesmo nível de grandes astros - Al Pacino, Robert De Niro e Donald Sutherland. É um seguidor do estilo “Brando” de atuar. A liberdade do fumante deve ser respeitada - sou apreciador do charuto e, muitas vezes, instado a deixá-lo. O que não vou fazer. Acho a melhor interpretação de Jack Nicholson no filme O Iluminado. Abraço do fã e leitor Walter Filho.
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