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13 abril 2006

Da recente safra brasileira


Os filmes oriundos da equpe da Globo, a exemplo do campeão de bilheteria Se eu fosse você, de Daniel Filho, atentam contra o processo de criação cinematográfica, porque o que produzem é a imagem televisiva. Tem-se a sensação de que se está a assistir a algum especial da Vênus Platinada. Filmes certinhos e realizados com uma artesania mortuária que chamam a atençao do grande público pelo apelo de seus protagonistas, estrelas globais. Da safra mais recente do cinema nacional, são absolutamente fracas e anêmicas obras como O gatão de meia-idade, de Antônio Carlos Fontoura (que já realizou filmes curiosos como Copacabana me engana, A rainha diaba...), Irma Vap, o retorno, de Carla Camuratti (que, se teve algum acerto em Carlotta Joaquina, fez feio em Copacabana), Se eu fosse você, O casamento de Romeu e Julieta, de Bruno Barreto (ainda que este tenha, em sua filmografia, filmes decentes: Ato de amor, O romance de uma empregada, Bossa Nova, Além da paixão...), entre outros. Os filmes citados, porque produzidos em parceria com multinacionais, conseguem ser exibidos nas melhores salas, enquanto os exemplares mais significativos do cinema brasileiro ficam restritos às salas alternativas ou, mesmo, não conseguem sequer a inclusão no mercado. Os melhores filmes nacionais vistos recentemente são Bens confiscados, de Carlos Reichenbach, Crimes delicados, de Beto Brant, Serra da desordem, de Andreia Tonacci, Eu me lembro, de Edgard Navarro, Cinema, aspirina e urubus, de Marcelo Gomes, entre mais alguns outros - Veneno da madrugada, de Ruy Guerra, é chato e confuso. O cinema patrocinado pela iniciativa privada (com o governo a proporiconar que empresas descontem do imposto de renda significativa parcela que injeta em produções audiovisuais) se, por um lado, tem favorecido alguns cineastas, por outro, está liquidando os artistas mais viscerais, a exemplo de um José Mojica Marins, de um Ozualdo Candeias. E há aqueles que, entendidos da economia do mercado, sabem se adequar ao esquema neoliberal, enquanto outros, eternos dependentes do auxílio estatal, ficam a reclamar da necessidade da ajuda do estado.

Um comentário:

sergio marcone disse...

Caro André, concordo plenamente com o que falaste sobre o cinema atual. Mas também passa pela crise de criatividade mesmo. Parece que $$ há pra o setor, mas nossos roteiristas caem na facilidade do formato telenovolesco. Hollywood também carece disso. Vide as produções atuais que concorreram ao Oscar. São todas de filmes medianos.