Um dos filmes menos citados de Billy Wilder, mas, nem por isso, menos importante, Amor na tarde (Love in the afternoon, 1957), com Audrey Hepburn, Gary Cooper, e Maurice Chevalier, baseado numa novela de Claude Anet, e roteirizado a quatro mãos com seu fiel colaborador I.A.L. Diamond, é uma deliciosa comédia romântica dotada de uma finesse que desapareceu, e acho que para sempre, do cinema contemporâneo. Hepburn é a filha de um investigador particular (Chevalier), que se apaixona por um cliente milionário de seu pai (Gary Cooper, que morreria três anos depois, em 1960). Para o conquistar, se faz passar por uma mulher que pratica o adultério nas tardes parisienses. A seqüência final, toda desenrolada numa estação ferroviária, é um primor de carismas e de direção de atores. Outro Wilder que considero muito é sua obra crepuscular Avanti!, (1973) que, no Brasil, tomou o título de Amantes à italiana, e que tem um inexcedível Jack Lemmon ao lado de Patricia Mills nos principais papéis. Avanti! é a síntese wilderiana.
4 comentários:
André, seu blog é bárbaro. Foge completamente do que costumo ver em outros (que é o interesse naqueles filmes-pipoca como X-Men e Homem-Aranha). No seu caso, não. Seus gostos são parecidos com os meus (Sam Peckinpah, Sergio Leone, etc). Pretendo voltar aqui mais vezes, afinal de contas, o que é bom deve ser sempre revisto. Abraços de um admirador de blogs alheios. P.S: algumas sugestões cults:
a) Bravura Indômita;
b) Era uma vez na América (Sergio Leone);
c) Dr. Fantástico (Stanley Kubrick); e
d) Alice não mora mais aqui (primeiro filme de Scorcese).
Setaro,
Você sabe como eu acho incrível esse filme, e como mesmo nesse ambiente sofisticado e elegante ("Em Paris todos fazem") Billy Wilder consegue ser cruel e irônico. Acho que Amor na Tarde por vezes está à beira de se transformar em um melodrama. Na cena em que Hepburn reencontra Cooper um ano depois e ele quase não se lembra, o filme passa muito perto de Carta de Uma Desconhecida, de Max Ophuls. A cena da estação de trem, com aquela música, as lágrimas de Hepburn anunciam um final infeliz que, se o filme fosse perfeito, aconteceria. O filme é uma comédia romântica, mas nesses desencontros de manipulação sexual, Amor na Tarde também tem suas sombras. Wilder sabe disso, tanto que adia ao máximo o final feliz, meio que pra marcar posição em relação a tudo o que está acontecendo e depois se render ao gênero e ao público. Ainda assim, o resultado é belíssimo. Audrey é sensacional, no papel mais adulto de sua fase virgem - ela parece que só conheceu o sexo a partir de Bonequinha de Luxo.
O "Se Debora Kerr que Gregory Peck...", no meu comentário do post anterior é o verso da música de Rita Lee que vc citou. É o trocadilho "Se Debora 'quer' que Gregory 'peque', não vou bancar o santinho...".
Loquei hj o "Bonequinha de Luxo", com a Audrey, que ainda não vi...
Abraço!
Correção, Roberto Queiroz! O uso do termo "cult" foi errado e o primeiro Scorsese é "Quem Bate a Minha Porta". "Alice Não Mora Mais Aqui" está prensado entre "Caminhos Perigosos" e "Taxi Driver". É seu quarto filme de longa-metragem/ficção.
Além disso, não é uma boa desmerecer cinema como o de "Homem-Aranha 2". Apesar de ter bilheterias estrondosas (que horror, um filme caro que cobriu seu investimento - no Brasil essa vergonha não acontece) é cinemear de primeira grandeza, o mesmo cinema, porém de resultados diferentes, de Leone, Peckinpah, Friedkin, De Palma e outros tantos e tantos. "Amor na Tarde" é um dos meu Wilder preferidos, com alguns dos diálogos mais doces e afiados que já "vi".
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