Seguidores

29 setembro 2013

"A última estação", de Marcio Curi



Em Salvador, o filme está em cartaz no Espaço Itaú Glauber Rocha

Filme de inusitada importância no panorama do cinema brasileiro contemporâneo, A última estação é uma viagem interior de descoberta, uma obra de sentimento, construída com boa artesania por Marcio Curi, veterano da cinematografia nacional (tem uma filmografia cheia de títulos como diretor de produção, assistente de direção, inclusive ajudou muito a produção do cultuado Meteorango Kid, o herói intergalático, de André Luis Oliveira, entre muitos outros). Narra a trajetória de um adolescente libanês que vem tentar a vida no Brasil. Na tortuosa viagem de navio, faz amizade com vários companheiros árabes e sírios, mas, quando da chegada, cada um segue o seu caminho, a sua vida. Os anos passam. Meio século depois, já velho, e com a ajuda de sua filha, o adolescente do pretérito decide reencontrar aqueles que conheceu e faz uma viagem por várias capitais brasileiras. Filmado no Líbano e no Brasil, A última estação se insere como uma educação sentimental no ocaso da vida e, em alguns momentos, chega a lembrar Morangos silvestres, de Ingmar Bergman, porque a viagem do personagem principal tem, no seu itinerário, várias estações. Notar a presença, como ator, de Edgard Navarro como Joseph. Abaixo uma declaração do próprio autor sobre o seu filme:

 "Ao filmar essa delicada história de um homem comum, um imigrante libanês, movido por paixões bem simples, mas dono de uma vontade gigantesca, quis homenagear a um só tempo os libaneses (árabes) e os brasileiros. 

Os libaneses, pela capacidade de adaptação que os fez os imigrantes mais queridos. Por trazerem consigo, como diria Drummond, "apenas as duas mãos e o sentimento do Mundo". Pelo carinho e generosidade que espalham por onde andam.



Os brasileiros, por terem herdado da matriz lusitana o melhor da tradição mourisca transplantada para a Península Ibérica. Por serem sonhadores incansáveis. Por sofrerem as dores da "imigração" dentro do seu próprio País e, ainda assim, ostentar a fama de um povo feliz.



A Última Estação quer celebrar a amizade, a tolerância, a diversidade... Acredita na convivência harmoniosa entre raças, entre culturas, entre religiões. Celebra o encontro do homem com a mulher, do jovem com o idoso, do oriental com o ocidental. Sonha com um mundo em que a cultura da paz e da não violência una definitivamente a humanidade.



Convido todos a assistirem logo nos primeiros dias e garanto que sairão com uma vontade enorme de celebrar a vida. De aproveitar melhor o tempo e as pessoas queridas."



Marcio Curi - diretor

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

O cinema estadunidense sempre retratou a saga de estrangeiros que se adaptaram ao país, mantendo ao menos uma parte das suas raízes culturais. Apesar da grande imigração para cá, não é costume nosso abordar tão diretamente a questão. No entanto, este “A Última Estação”, de Marcio Curi (ele abriu o Festival de Brasília de 2012), segue esta mesma proposta ao abordar a vinda de imigrantes libaneses (que foram muitos milhares) para o Brasil.
Um filme excelente!