Seguidores

11 abril 2010

"Escritos sobre Cinema" é uma trilogia sobre um tempo crítico


A simpática jornalista Aleksandra Pinheiro, que trabalha na divulgação de meu livro Escritos sobre Cinema - Trilogia de um tempo crítico, escreveu um texto sobre a publicação e sobre a minha trajetória. Não mereço tantas palavras gentis, mas, neste domingo de chuva e trovoadas, e a considerar a proximidade do lançamento, gostaria, aqui, de transcrever o que Aleksandra escreveu sob o título de Um homem chamado cinema. Abrindo as necessárias aspas, pois o que vai a seguir não é de minha pena. O que me resta é agradecer a Alé e parabenizá-la pelo seu trabalho.

Um homem chamado Cinema
"Com quase 40 anos de experiência em análise cinematográfica, André Setaro, crítico de cinema do Terra Magazine e professor da Facom (UFBA), reuniu textos, resenhas e suas melhores análises filmícas para lançar, em 3 volumes, a coleção Escritos sobre cinema - trilogia de um tempo crítico. O lançamento é da editora carioca Azougue, coedição da Edufba, produção da Multi Planejamento Cultural e patrocínio do Fundo de Cultura da Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).
A noite de autógrafos será na próxima terça-feira, 13/abril, às 20h, na Saladearte Cinema do Museu.

São partes integrantes deste projeto, a realização da Oficina Gratuita de Crítica Cinematográfica, nos dias 14 e 15/abr, e o Clube da Crítica - sessão de bate-papos entre Setaro e outros críticos brasileiros convidados ao evento-, nos dias 14, 15 e 16/abr, na Saladearte Cinema da UFBA.

André Setaro estreou na crítica cinematográfica há cerca de 40 anos, quando escreveu seu primeiro ensaio na imprensa, no antigo Jornal da Bahia, defendendo a importância de Jerry Lewis. Em vez de submeter-se aos padrões ideológicos da época, preferiu privilegiar a estética cinematográfica, tal e qual aquele personagem quixotesco de Nós que nos amávamos tanto, de Ettore Scola. É o próprio Setaro quem explica as reações na ocasião: “Se até hoje muitas pessoas não compreendem o valor de Jerry Lewis, acham que é um diretor de sessão da tarde, imagine naquele período ideologizado? Fui logo chamado de alienado”, relata, com o riso irônico de quem sempre amou muito mais o cinema do que as revoluções.

Seu amor pelo cinema, reiterado na militância da imprensa diária, especialmente no Jornal Tribuna da Bahia, ganha agora o sabor da permanência. A editora Azouge, em parceria com a Edufba, lança no próximo dia 13 de abril, Escritos sobre o cinema, trilogia de um tempo crítico.

A obra 'setariana' está dividida em 3 volumes: No Vol I encontramos os escritos sobre filmes, atores e diretores que marcaram a história do cinema e também depoimentos e artigos com inclinações autobiográficas. Além das impressões do crítico sobre Orson Welles, Kurosawa, Fellini, Godard, Bergman, entre outros ícones, fica-se também conhecendo a trajetória e paixão de Setaro pelo seu objeto de desejo e estudo.

O Vol II é dedicado integralmente ao cinema baiano que este ano completa 100 anos. Nas resenhas críticas, o autor fala sobre as obras e cineastas pioneiros na Bahia (a exemplo de Roberto Pires e Glauber Rocha) e também reflete sobre os homens e as circunstâncias que permitiram o surgimento e a efervescência do cinema na província. Setaro rende homenagens ao mestre Walter da Silveira e ao lendário Clube de Cinema da Bahia, assim como reconhece o valor de empreendedores, a exemplo de Guido Araújo e sua longeva Jornada de Cinema. Fala sobre o boom superoitista e recorda com ternura dos cinemas de rua de Salvador, como o Guarany, Excelsior, Liceu, Tamoio, Bahia, Pax, Aliança, Jandaia.

No Vol III Setaro trata especificamente da linguagem cinematográfica: Embrenha-se pelos caminhos teóricos, destaca as escolas, os autores, mas nunca perde de vista aquilo que o crítico Inácio Araújo, autor do prefácio da sua trilogia, definiu como “uma prazerosa proposta civilizatória”.


Este farto material estava praticamente destinado ao esquecimento, já que André Setaro, apesar do incentivo que sempre recebeu dos colegas e alunos, recusava a ideia de transformar tudo em livro: “Amigos sempre me falaram para escrever um livro, mas eu nunca quis”, relata, destacando que foi convencido da viabilidade do projeto pelo jornalista e escritor Carlos Ribeiro, que há mais de 15 anos insistia na publicação destes textos. Foi assim que, a partir de 2005, Carlos Ribeiro juntou-se a Carlos Pereira, André França, Marcos Pierry e alguns outros ex-alunos de Setaro e decidiram, de forma voluntária, realizar o trabalho de pesquisa e seleção da obra: “O enorme esforço dos professores que realizaram o trabalho foi, em si, um reconhecimento à contribuição de André Setaro ao cinema da Bahia e do Brasil. É um material valiosíssimo, que necessitava ser preservado.”, destaca Carlos Ribeiro, organizador dos três volumes. Esta memória e toda a paixão de Setaro será lançada às 20h, do dia 13/abr, na Saladearte do Cinema do Museu e em breve estará nas principais livrarias do país."

OFICINA DE CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA:
Um dia após o lançamento da trilogia Escritos sobre cinema..., Setaro começa Oficina Gratuita de Crítica Cinematográfica nos dias 14 e 15/abril, das 9h às 11h30, na Saladearte do Cinema da UFBA, conforme programação descrita a seguir:

14/abril
1.) A crítica cinematográfica como instrumento de conhecimento da arte do filme. A narrativa e a fábula no discurso cinematográfico. O elo sintático e o elo semântico.
2.)Técnica, linguagem e estética. A transformação da crítica através dos tempos. A decadência dos suplementos culturais. A crítica do pretérito e a crítica contemporânea. Diferenciações entre ensaio, crítica, comentário e resenha.

15/abril
3.) A mise-en-scène. Tout est dans la mise-en-scène. Cineastas cerebrais e cineastas intuitivos. Os filmes-faróis e a necessidade de uma base referencial. A crítica de cinema como crítica de arte.
4.) A redução da crítica nos jornais expressos e o advento de blogs e sites. A crise da crítica e do cinema contemporâneo.
Inscrições gratuitas: Interessados devem solicitar ficha de inscrição através do e-mail:
oficinadecritica@gmail.com

CLUBE DA CRÍTICA:
Encerrando a tríade do projeto patrocinado pelo Fundo de Cultura do Estado da Bahia e produzido pela Multi Planejamento Cultural, acontece o Clube da Crítica: 3 dias de debates entre críticos convidados e André Setaro afim de discutirem assuntos ligados ao cinema atual. O bate-papo será das 16h às 17h30 na Saladearte Cinema da UFBA e a entrada é franca. Abaixo, as datas de realização, nomes dos críticos e temas que serão abordados:

· 14/abril: A decadência da crítica nos jornais e o seu advento em blogs e sites com Sérgio Alpendre (editor da revista eletrônica Paisà, crítico da Contracampo, colaborar esporádico da Folha de S Paulo, UOL Cinema, Cineclick, Revista MOVIE, Zingu e Cinequanon)
· 15/abril: Panorama atual da crítica cinematográfica com Francis Vogner (crítico da revista eletrônica Cinética, professor de cinema e colunista da revista Filme Cultura - que será relançada agora em abril/2010)
· 16/abril (sexta): A Inexistência da crítica na Bahia como reflexo de seu momento cultural com Marcos Pierry (Jornalista e professor de cinema) e André França (professor de cinema e artista visual)


Sobre André Setaro:
Graduado em Direito pela UFBA (1974), mestre em História e Teoria da Arte pela Escola de Belas Artes também na UFBA (1998), atualmente é professor adjunto do Departamento de Comunicação da UFBA. Tem experiência na área de Artes com Ênfase em Cinema, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema baiano, discurso cinematográfico, análise fílmica e linguagem. Crítico cinematográfico do jornal Tribuna da Bahia, desde agosto de 1974, manteve uma coluna diária de crítica cinematográfica até 1994, quando passou a escrever apenas uma vez por semana. Colaborador eventual do Suplemento Cultural do jornal A Tarde, já publicou alguns ensaios e críticas de cinema neste periódico. Colunista cinematográfico da revista eletrônica Terra Magazine.


Serviço:
Lançamento dos 3 volumes de Escritos sobre cinema, a trilogia de um tempo crítico.
Caixa com 3 volumes: R$60,00. Venda avulsa de cada livro: R$23,00
Na Saladearte Cinema do Museu, dia 13/abril, às 20h.
Endereço: Av. Sete de Setembro, 2595, Corredor da Vitória - Museu Geológico
Tel: (71) 3338 2241

Oficina Gratuita de Crítica Cinematográfica
na Saladearte Cinema da UFBA, dias 14 e 15/abril, das 9h às 11h30.
Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon, s/n, Vale do Canela. No pavilhão de aulas da UFBA do Canela (estacionamento gratuito).
Tel: (71) 3235 9879

Clube da Crítica
na Saladearte Cinema da UFBA, dias 13, 14 e 15/abril, das 16h às 17h30. Entrada franca.
(endereço igual ao anterior)


Clique na imagem para ver as capas ampliadas e com maior nitidez.
Informações à imprensa:
COMUNIKA Press
Aleksandra Pinheiro
Tel.: 71 3497.5000 // 71 9121.5359
E-mails:
alepinheiro@comunikapress.com.br // alecomunica@gmail.com
http://twitter.com/alepinheiro

10 comentários:

Cassiano Mendes disse...

Com exceção dos quatros volumes do pensamento cinematográfico de Walter da Silveira - tão mal lançado pelo Governo do Estado e não distribuído em livrarias, há quantas décadas não se lança, na Bahia, um livro sobre cinema? Que me lembre, há mais de 30 anos, quando houve a publicação de 'A História do Cinema Vista da Província', textos de Walter da Silveira organizados por José Umberto, porque o autor já tinha morrido. Um livro 'post mortem', portanto. Em 1966, o próprio Walter, na Livraria Civilização Brasileira da rua da Ajuda, lançou, em tarde de autógrafos, 'Fronteiras do Cinema', e, já doente, na gerência do cinema Bahia', em 1970, 'Imagem e Roteiro de Charles Chaplin', editado pela extinta Mensageiro da Fé, editora baiana.

Assim, o aparecimento do livro de André Setaro não deixa de se constituir numa notícia alvissareira, pois é, sem sombra de dúvida, o mais lúcido e sensível crítico de cinema que atua em Salvador.

Jonga Olivieri disse...

Brilhante o texto da jornalista Aleksandra Pinheiro "Um homem chamado cinema", pois em resumo este título mostra a totalidade de sua paixão pela sétima arte.
André, de coração, desejo-lhe (e você merece) o maior sucesso do mundo neste empreendimento.
Seu primo e admirador, João Carlos (Jonga) Olivieri

André Setaro disse...

Concordo em gênero, número e grau, Jonga.

Alexandre Macedo disse...

Que beleza, André. Vou garantir meu exemplar quando lançar. De livros sobre cinema tenho apenas aquele do Moniz Vianna e o "Criando Kane" da Pauline Kael. O seu (pelo menos um da trilogia) será o próximo.

Rafael Cavalcanti disse...

A edição vai aparecer em livrarias paulistas?

Mila Carillo disse...

Olá Andre! Faço Comunicação Social e sou louca por cinema. Te 'conheci' há pouco por intermédio da revista Muito e fiquei interessada em adquirir sua trilogia. Moro em Ilhéus e gostaria de saber de que forma posso fazê-lo, já que não tenho como ir ao lançamento hoje à noite... E fico feliz em saber que ainda existem bons criticos, que realmente sabem e vivem CINEMA. Bom trabalho e espero que mais pessoas sejam contagiadas com seu espírito!

André Setaro disse...

O livro estará à venda nas principais capitais brasileiras a partir da próxima segunda, dia 19 de abril, principalmente nas livrarias Saraiva e Siciliano. Em Salvador, pode ser encontrado nestas, na livraria da Video Hooby, na Casa de Cinema, na Galeria do Livro, na Livraria da Edufba etc.

Julio disse...

Caro Setaro:
Que alegria em poder parabenizá-lo pelo lançamento dos livros! É sempre muito bom ver alguém merecidamente receber as "flores em vida". Pena que soube tardiamente e não pude ir cumprimentá-lo pessoalmente. Mal vejo a hora de poder adquirir os livros. Eu era seguidor assíduo de suas colunas na Tribuna - numa época em que eram diárias e a Tribuna, de fato, era um jornal. Em tempos pré-internéticos, a única saída para preservá-los para uma consulta posterior era o recorte (o formato da coluna ajudava). Nem precisa dizer que a precariedade do estado de conservação obrigou-me a desfazer do material, mas foi através de sua obra que conheci em primeira mão a linguagem dos grandes filmes e pude por eles desenvolver melhor o meu amor pelo cinema. Lembro-me em especial de uma primorosa série intitulada "Pasolini: entre Marx e Cristo", por ocasião de uma mostra dedicada ao italiano em Salvador. Será um enorme prazer revisitar os seus textos. Sucesso!

André Setaro disse...

Meu caro Ravenous,

Que prazer receber sua mensagem!

Neuzamaria Kerner disse...

Cinéfilos e cinéfilos.
Ontem, 16/4, encontrei um leitor e admirador seu que acabara de se dar um presente ao comprar os três volumes de ESCRITOS SOBRE CINEMA. Parecia que ele carregava um tesouro nas mãos, visto que, por conhecê-lo, sei do sacrifício financeiro que fez para adquirir o material. Aposentado é assim. Ele estava tão feliz que me obriguei à paciência de, no meio da rua, ouvi-lo lendo sobre suas definições a respeito dos cinéfilos. Fiquei pensando em que classificação ele se enquadraria. No caso dele acho que é uma espécie de “paixão” pela sétima arte, mas de uma forma tão seletiva, com um olhar tão profundo que chega até a “humilhar” uma simples apreciadora – no meu caso. Para dar um limite a ele, porque eu tinha certa pressa, me vali do que você escreveu sobre os “conversadores de pé de ouvido”. Na medida em que as cenas vão acontecendo, ele vai explicando. Na hora o classifiquei e ri! Você me salvou, André, e o colocou em maus lençóis.
Parabéns pelo trabalho e se essa pessoa admirável de quem estou falando deixar, lerei também os seus livros.