Era exatamente como este pequeno projetor que a imagem mostra: manivela verde, aparelho marrom, tudo igual. Em 1960, ainda com 9 anos de idade, ganhei este projetor com o qual passei anos a brincar com ele de exibição de filmes. Estes eram feitos de papel-manteiga desenhados com duas imagens e duas opções de movimento. Chamava-se Cine Barlan. Geralmente, os filmes, que eram girados pela manivela que se vê na foto, que, na verdade, girava-se apenas de cima para baixo e de baixo para cima, tinham em seus títulos: Ali Babá e os quarenta ladrões, Branca de Neve e os sete anões, O chapeuzinho vermelho etc. Que destino levou a minha máquina Barlan? Creio que, com o tempo, foi se quebrando e se destruiu.
Interessante observar que um objeto desses, na época de hoje, não despertaria nenhuma atenção com os novos suportes existentes: DVDs, internet etc. Mas, naquela época, o cinema tinha uma magia que não existe mais, pois as imagens em movimento eram exclusivas das salas de projeção. Ter um arremedo de cinema em casa já era uma maravilha mesmo que apenas por dois movimentos em cada quadro. Havia uma estupefação quando se via, pela primeira vez, um filme ou, melhor dizendo, quando se ia ao cinema pela primeira vez. Armando Maynard, de Aracajú/Sergipe, que tem um blog quase arqueológico sobre o cinema (http://fetichedecinefilo.blogspot.com/), deve ter conhecido o Cine Barlan, assim como o pessoal de minha geração.
Não duvido nada que Jonga Olivieri e Romero Azevedo também devam ter conhecido o Cine Barlan. Foi, para mim, um presente comprado nas Lojas Duas Américas da famosa rua Chile em Salvador, quando a Bahia era a Bahia com B maiúsculo e não a terra arrasada, violenta, dos tempos atuais. Havia, nas Lojas Duas Américas, um departamento de cinema e fotografia. Algumas pessoas da classe média alta compravam, neste, máquinas de fotografias caras e projetores na bitola 16mm. Constituía-se um luxo a família que possuía o projetor 16mm. Os filmes podiam ser alugados nas distribuidoras. A Metro Goldwyn Mayer, por exemplo, tinha um departamento exclusivo para o aluguel de fitas em 16mm, procuradas por famílias mais abastadas (eram muito caras) e clubes sociais. Outros tempos!
22 comentários:
Claro Setaro que também tivemos um Barlan em nossas vidas. O nosso veio do Rio de Janeiro trazido por nossa mãe. Tinha um filme de pirata(O Pirata Negro ?) que nós ficávamos girando a manivela para trás( movimento que interrompia o desenrolar da "fita") para prolongar o duelo.Um irmão mais velho descobriu que o papel manteiga que embalava os biscoitos Pilar (pernambucanos) serviam para desenhar filmes com tinta Nankim, então fez filmes pornôs inspirados em Carlos Zéfiro.
Antes do Barlan, meu irmão Rõmulo e eu tinhámos uma pistolinha que "disparava" fotogramas de Disney, era o "Cine Magic", um brinquedo da Estrela. Conheceu esse ?
Sim, mas o 'Cine Magic' não tinha o 'impacto' da Barlan. Hoje, creio, são peças de museu.
Caro Setaro, esse post e de "matar o velho" . Brinquei muito com um projetor igual a este que um amigo me emprestava. Caramba! que lembrança. Muito obrigado pela citação do meu blog. Um abraço, Armando.
Caro etaro,
Partilho contigo esse embevecimento com certo período do cinema.Um dos meus favoritos, o ainda um tanto subestimado Minnelli.
Outros: Hawks, Nicholas Ray, Renoir, Rossellini, entre mais outros.
Te convido a visitar meu blog www.alessandrocoimbrablog.blogspot.com
Abr,
A.C.
O Cine Barlan era algo que me fez perder o sono até o dia em que o recebi de presente.
E como curti o dito cujo!
Lembro-me que o meu veio com uma historinha do "Pituca", personagem da revista Vida Infantil... Foi um barato.
Em pouco tempo, lá em casa estávamos a desenhar historinhas imaginadas por nós para o aparelho (uma engenhoca mesmo).
Quanto aos projetores de 16mm, eu lembro em aniversários de amigos meus e na rua em que morava tinham vários vizinhos que costumavam exibir de quando em vez películas.
Numa dessas assistí "O gavião e a flecha", com Burt lancaster, filme que encontrei à venda outro dia no Macedônia.
O meu Cine Barlan foi comprado na Rua da Carioca nº5,Bazar Francês aquin no Rio.Eu ainda tenho alguns filmes(As Aventuras de Zé Bicanca,Zé Bicanca no Circo,etc)Me lembro até hoje o jingle de rádio do Bazar Francês, que na letra dava o endereço 'Rua da Carioca n}5.Eu amava o Cine Barlan...que já se desmaterializou há muito tempo,sobraram os filmes.
O cine Barlan nos traz uma lembrança inesquecivel.Tinha mais ou menos 10 anos e junto com um colega de infancia reuniamos em casa para uma sessão de cinema.Lembro do filme "O Pirata Negro".O aparelho funcionava com uma lampada e era projetado na parede da casa.
Um abraço,
Aécio Flavio
TB MAS DÁ PROXIMA VEZ QUE VC APRENDER UMA FOTO MINHA, COLOQUE PELO MENOS O CRÉDITO DE QUEM TIROU A FOTO, E POSSUI UM BARLAM.
RACINEFILMES.
Acabo de ver o teu blog. Fiquei saudoso. Fui uma criança feliz, em Santarém, interior do Pará. Ganhei de presente um Barlan e vi todos esses filmes. A garotada da vizinhança ia ver em casa. Que saudade!
josé wilson malheiros belém pará
jwmalheiros@hotmail.com
Meu irmão, vou te fazer um pedido meio impossivel, creio eu. Há, ainda, quem possua um dos filmes do Barlan, como p.ex.O Pirata Negro?
Em caso positivo, dá pra "refilmar" e colocar no Youtube pra documentar e pra matar a saudade?
josé wilson malheiros, belém pará
jwmalheiros@hotmail.com
saudações "barlânicas"
Também descobri que apesar de frágil, o papel-manteiga quebrava o galho. Fiz ali as minhas primeiras animações, tipo 1-2-1-2. Eu tinha uma série do Dom Bicudo (como dom Bicudo no México), algumas animações do Joselito (não o cantor, mas o cartunista). Havia uma loja ao lado da igreja do Largo de S Francisco chamada Movicor, que vendia não só o cine Barlan como projetores 16 mm com filmetes mudos da Disney.
Em 1955 eu tinha 12 anos, e esse brinquedo já era vendido. Ficou bastante tempo no mercado, hein? Um vizinho meu, em Niterói, possuía esse projetor, de nome Barlam (com M, mesmo). O garoto vizinho ganhava de presente das irmãs (que trabalhavam) os rolinhos de filmes, e chamava os colegas da rua para assisti-los.
Era um barato. Pura magia. Morvan.
Saudade do cine barlan...
O meu ficou com uma lente só.
e depois... sumiu em uma mudanaça..
Só lamento!
valew!
Muito legal esse projetor, mas infelizmente na época (1964 mais ou menos) ele custava 5 mil cruzeiros, e era uma pequena fortuna para nossa familia. Eu tinha 10 anos de idade e criei um projetor mais modesto, com caixa de papelao, lampada e uma lente que segurava na mão. Os filmes seguiam o mesmo esquema, em papel manteiga, só que não causavam movimento pois era uma lente apenas.
Muito bom... eu ganhei um Barlam de um amigo mais velho que o tinha guardado em casa. Não é do meu tempo, mas sempre vi a propaganda do brinquedo em revistas antigas em casa de meu avô e ficava imaginando como funcionava. O que ganhei funciona perfeitamente e veio com 9 filmes, inclusive "O Pirata Negro".
Só me sobrou uma das lentes.
que Guardo como lembrança.
eu tenho uma barlan ate hoje, so não tenho os filmes, da saudade
Eu também tive um, na década de 50. ganhei de um tio, já usado. tinha o mesmo formato mas parece que o meu era mais antigo. a parte da frente era de madeira, só o compartimento da lâmpada era de baquelite. fiz filmes em papel impermeável, depois dei pros meus irmãos, que cobravam ingressos dos meninos da nossa rua.
Eu e meus dois irmãos tivemos a felicidade de possuir um Cine Barlam e alguns filmes. Sou o mais velho, tenho 68 anos. Essa semana recebi a visita dos manos aqui em Fortaleza e nas reminiscencias, lembramos do velho Barlam que não sabemos que fim levou... Nem tinha ideia de que outras crianças daquela época também partilharam essa aventura de dominar a imagem! Abraços e obrigado pela lembrança.
Assisti a vários filmes do Barlam, na casa de um amigo, Pedrinho, em Caruaru. Era uma festa!
Eu tenho o meu até hoje e está em excelente estado de conservação. Tenho também uns 20 filminhos originais e mais alguns que eu mesmo desenhei.
Eu tenho um Barlan que comprei na Lutz Ferrando da R. do Ouvidor (Rio).Esta ainda na caixa original com alguns filmes.Branca de Neve,O pirata negro, Peter Pan, Cisco Kid.Fiz muita sessão de cinema com a molecada.Foi na boa época que a Ducal vendia até a famosa Gulivete que custava CR$30.000 e o salário de maior era CR$3.000,00 e o de menor CR$1.500,00.O Janio arrecadava dinheiro em garrafões na Ouvidor para a campanha.Na Rio Branco eram vendidas rifas para concorrer ao sorteio pela federal a um Ford Tunderbird que virava conversível ao subir a capota que ficava escondida no porta malas.Tempo bom!
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