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13 maio 2009

"Pas sur la bouche", de Alain Resnais



O cinema contemporâneo não perdeu a sua inventividade, ainda que são raros os exemplos de filmes imaginativos e de invenção. Um deles, Beijo na boca, não! (Pas sur la bouche, 2003)), com Audrey Tautou de Alain Resnais, que foi lançado no Brasil devido ao sucesso de Medos privados em lugares públicos (Coeurs), que levou quase um ano em cartaz em São Paulo e parece que ainda se encontra em exibição. O resto é conversa fiada.

Baseado num opereta cômica de 1925, Resnais segue à risca o texto original. A acreditar ter sido o primeiro homem de sua esposa, um rico industrial desconhece inteiramente o fato dela ter sido casada com um americano e que o motivo da separação foi por causa de sua (dele) recusa em ser beijado na boca. Um belo dia, porém, o americano, pela força das circunstâncias e do destino, é convidado para jantar na casa do casal. E as confusões se sucedem.

O que parece, aqui, um tanto ingênuo, dito assim ligeiramente, transforma-se, nas imagens em movimento, em algo inventivo, divertido, a estabelecer um paradoxo teatro-cinema.

A ver obrigatoriamente.

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Pena não ter visto este filme, pois considero resnais um gênio do cinema. "Ano passado em Marienbad" é uma das obras primas da sétima arte.

André Setaro disse...

Sim, velho Jonga, Resnais, na minha opinião, é um dos maiores realizadores de todos os tempos. Lembro-me que "Hiroshima, mon amour", quando do seu lançamento, constituiu-se num choque, tal a sua beleza de construção. Choque tal que não se esperaria outro no filme seguinte, e choque de alta tensão: "O ano passado em Marienbad", que as pessoas saiam do cinema a dizer que não tinham entendido nada. Alain Robbe-Grillet, seu roteirista, esteve em Salvador em outubro de 1977, quando proferiu uma palestra no Instituto de Letras cujo tema foi "Ordem e desordem na narrativa" ("Ordre et désordre dans le récit"). Uma repórter de conhecido local, designada para cobrir a palestra, colocou no título, que saiu na primeira página do vespertino, "Ordem e desordem no recinto", deixando estupefatos os professores do instituto. Resnais é de uma invenção constante, seus filmes são puro cinema, pura "mise-en-scène". E os exemplos são inúmeros: "Muriel", "A guerra acabou", "Providence", "Meu tio da América", "Amores parisienses", "Melô", entre muitos outros, e, recentemente, com idade anciã realizou o belíssimo "Medos privados em lugares públicos" ("Coeurs") sobre corações solitários que se debatem na Paris sob neve em busca de um sentido para suas angustiadas existências.

Marcelo Miranda disse...

Setaro, é bom registrar que o novo Resnais está em competição em Cannes.