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Fala-se muito em cinema baiano, mas os realizadores do áudiovisual soteropolitano se encontram, de acordo com o esprit du temps, apenas mergulhados em seus egos e necessitados dos apupos. A nova geração se caracteriza pela recusa do passado - o que é um total equívoco, pois toda novidade incorpora elementos do pretérito - e muitos dos seus integrantes pensam que o cinema começou nos anos 80, com Blade Runner, o caçador de andróides, de Ridley Scott - um bom filme, por sinal, muito diferente dos matrixes que assolam a contemporaneidade a provocar metástase virulenta no processo de criação artística.
Mas isto é outra história. Voltando a Ney Negrão, devo lembrar que foi um entusiasmado cineclubista na época de Walter da Silveira e, findo o Ciclo Bahiano de Cinema, o cineasta que retomou a cinematografia destas plagas após um longo período desativada. O carroceiro, curta que realizou em 1965, é uma obra emblemática e hoje totalmente olvidada. Com a direção de fotografia de Carlos Alberto Vaz de Athayde - um batalhador incansável e outro esquecido, O carroceiro é um documentário que registra o itinerário de um homem que tem a profissão do título e que, no seu percurso diário, vai passando por várias situações.
Para aqueles que pensam que o cinema do Bahiano começou no ano 2000, vale lembrar que foi Ney Negrão quem o iniciou na primeira metade dos anos 80. Frequentador do Clube Bahiano de Tênis, onde ia todos os dias a las cinco de la tarde tomar o seu scotch, era amigo dos diretores, e foi sua a sugestão de projetar filmes no auditório que tinha sido recentemente inaugurado e estava sendo subutilizado para cerimônias de formatura, entregas de diplomas, aniversários com teatrinhos, entre outras bobagens. Ney conseguiu os projetores, dois que passavam filmes na bitola de 35mm, e ficou como o programador do Bahiano por alguns anos. Lembro-me que na época tinha uma coluna diária na Tribuna da Bahia e Ney me enviava, semanalmente, sem falta, a programação do auditório. Recordo-me de ter revisto lá, pela última vez na tela grande, ...E o vento levou, Melô, de Alain Resnais, entre muitos e muitos filmes. O lançamento de Jubiabá, de Nelson Pereira dos Santos, se não em engano em 1987 ou 1988, se deu na sala do Bahiano. Uma avant-première festiva com a presença do realizador e alguns atores, com uma verdadeira festa após a exibição, que somente terminou poucas horas antes do amanhecer, com muito scotch correndo solto, entre vinhos e cervejas.
Com a crise do Clube Bahiano de Tênis, que quase foi à falência, também o seu auditório, como seria de esperar, sofreu as consequências do débacle financeiro por gestão temerária. O aristocrático não tinha mais recursos para manter o cinema, para alugar os filmes, fazer a manutenção dos projetores e os custos referentes à contratação de empregados como porteiro e projecionista.
Desativado, mais de dez anos depois, André Trajano, acreditando no êxito de seu empreendimento, resolveu reformar o auditório do Bahiano, realizando, nele, reforma infra-estrututal, inclusive com a troca das cadeiras por poltronas confortáveis e a instalação de um bom sistema de ar condicionado. O sucesso foi imenso, como atesta, hoje, o Circuito Bahiano, que engloba, além da sala pioneira, o Cinema do Museu e o do Pelourinho. Uma grande loje de delicatessen, a Perini, comprou, há poucos anos, o grande espaço social do Clube Bahiano de Tênis. E, apesar de ter prometido construir duas salas de exibição, nada foi feito. A Sala de Arte do Bahiano era, contudo, a pièce de resistence de todo o circuito.
A memória de Ney Negrão continua viva. Na falta de um fato de O carroceiro, vai uma imagem de uma carroça.
Mas isto é outra história. Voltando a Ney Negrão, devo lembrar que foi um entusiasmado cineclubista na época de Walter da Silveira e, findo o Ciclo Bahiano de Cinema, o cineasta que retomou a cinematografia destas plagas após um longo período desativada. O carroceiro, curta que realizou em 1965, é uma obra emblemática e hoje totalmente olvidada. Com a direção de fotografia de Carlos Alberto Vaz de Athayde - um batalhador incansável e outro esquecido, O carroceiro é um documentário que registra o itinerário de um homem que tem a profissão do título e que, no seu percurso diário, vai passando por várias situações.
Para aqueles que pensam que o cinema do Bahiano começou no ano 2000, vale lembrar que foi Ney Negrão quem o iniciou na primeira metade dos anos 80. Frequentador do Clube Bahiano de Tênis, onde ia todos os dias a las cinco de la tarde tomar o seu scotch, era amigo dos diretores, e foi sua a sugestão de projetar filmes no auditório que tinha sido recentemente inaugurado e estava sendo subutilizado para cerimônias de formatura, entregas de diplomas, aniversários com teatrinhos, entre outras bobagens. Ney conseguiu os projetores, dois que passavam filmes na bitola de 35mm, e ficou como o programador do Bahiano por alguns anos. Lembro-me que na época tinha uma coluna diária na Tribuna da Bahia e Ney me enviava, semanalmente, sem falta, a programação do auditório. Recordo-me de ter revisto lá, pela última vez na tela grande, ...E o vento levou, Melô, de Alain Resnais, entre muitos e muitos filmes. O lançamento de Jubiabá, de Nelson Pereira dos Santos, se não em engano em 1987 ou 1988, se deu na sala do Bahiano. Uma avant-première festiva com a presença do realizador e alguns atores, com uma verdadeira festa após a exibição, que somente terminou poucas horas antes do amanhecer, com muito scotch correndo solto, entre vinhos e cervejas.
Com a crise do Clube Bahiano de Tênis, que quase foi à falência, também o seu auditório, como seria de esperar, sofreu as consequências do débacle financeiro por gestão temerária. O aristocrático não tinha mais recursos para manter o cinema, para alugar os filmes, fazer a manutenção dos projetores e os custos referentes à contratação de empregados como porteiro e projecionista.
Desativado, mais de dez anos depois, André Trajano, acreditando no êxito de seu empreendimento, resolveu reformar o auditório do Bahiano, realizando, nele, reforma infra-estrututal, inclusive com a troca das cadeiras por poltronas confortáveis e a instalação de um bom sistema de ar condicionado. O sucesso foi imenso, como atesta, hoje, o Circuito Bahiano, que engloba, além da sala pioneira, o Cinema do Museu e o do Pelourinho. Uma grande loje de delicatessen, a Perini, comprou, há poucos anos, o grande espaço social do Clube Bahiano de Tênis. E, apesar de ter prometido construir duas salas de exibição, nada foi feito. A Sala de Arte do Bahiano era, contudo, a pièce de resistence de todo o circuito.
A memória de Ney Negrão continua viva. Na falta de um fato de O carroceiro, vai uma imagem de uma carroça.
2 comentários:
Esta sua série tem revelado fatos e personalidades importantes do cinema baiano.
A memória --concordo com você-- é imprescindível a se compreender o presente. Quem não pensa assim nunca vai poder compreender a origem das coisas. Em todos os planos.
Mas é uma pena não ter conseguido uma imagem do filme.
Tenho lido quase sempre a série domingueira sobre o cinema baiano, já quase em estilo à "caminho da missa" nos domingos.
Gostaria de fazer uma sugestão ao Professor Setaro. Se possível, vir a elaborar booket ou blog-livreto ou livreto-missais, como queira chamar, para os que querem acompanhar a temporalidade, ou dizendo melhor, para os mais chegados à historicidade desta memória. Dizer, também, que a foto ausente é de fundamental importância. Acho que se garimpar mais, consultar familiares, os baús guardados, é possível remontar essa peça documental.
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