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29 outubro 2008

"A mulher do tenente francês"



Um dos melhores filmes da década de 80 é, sem dúvida, A mulher do tenente francês (The french lieutenant's woman, 1981), de Karel Reisz (notável realizador inglês, que dirigiu, entre outros, Tudo começou no sábado [Saturday night and sunday morning], 1960, filme que deu a conhecer o extraordinário Albert Finney, e é um dos mais expressivos do free cinema - a nouvelle vague britânica, Isadora, com Vanessa Redgrave na pele da famosa dançarina, A noite tudo encobre [Night must fall, 1964], fita de terror psicológico impressionante, com Finney e Mona Washbourne - a criada do Professor Higgins em My fair lady), obra de metalinguagem que reflete sobre o processo de criação no cinema, com interpretação inexcedível de Meryl Streep (cuja interpretação neste bate forte com a de A escolha de Sofia). Em A mulher do tenente francês, a ação tem início em 1867, numa pequena cidade inglesa, quando um marinheiro seduz e abandona uma jovem. Mais tarde, um aristocrata (Jeromy Irons) rompe o noivado com uma mulher de sua classe pela moça seduzida (Meryl Streep). E é aí que Reisz, com roteiro do célebre Harold Pinter, joga com a linguagem do cinema, o tempo, o espaço. Um século depois do ocorrido, começa a filmagem desse caso e a estrutura narrativa de A mulher do tenente francês alterna o que aconteceu no passado (o filme que está sendo feito) e o presente das filmagens. No fecho, há o final do filme dentro do filme e o que acontece com os dois protagonistas, que também se apaixonam (Jeromy Irons faz o tenente e o ator que o interpreta, assim com La Streep). Obra de um rigor extraordinário que dá prova da competência de Reisz (1926/2002) como competente realizador cinematográfico. Baseado em livro de John Fowles.

Cinematografado pelo genial artista da luz Freddie Francis.

3 comentários:

André Setaro disse...

Este filme é muito bom, digo-o eu, e não sei se está disponível em DVD. Creio que não porque já teria sido anunciado pela imprensa e comentado em blogs e sites. Mas às vezes o desconhecimento faz com que um filme, devidamente lançado, passe em brancas nuvens. Em todo caso, vou fazer uma pesquisa nos sites do Submarino, Americanas, etc, para ver se foi lançado. Karel Reisz, assim como tinha dito a respeito de Joseph Losey, embora este mais importante, foi para o limbo do esquecimento das pessoas ditas críticas e acompanhantes do movimento cinematográfico. Karel Reisz renovou o cinema inglês ao lado de Tony Richardson, John Schlesinger, Lindsay Anderson (quem é capaz de se lembrar de "This sporting life" e de "Se..." ["If"]?). O Professor Romero Azevedo deve saber de cor e salteado a filmografia de Reisz. Lembrar-se-á também da cor da poltrona do cinema onde viu "Isadora"? É bem capaz.

Mudando de assunto, sexta vai ser lançado aqui em Salvador "Cascalho", de Tuna Espinheira. Trata-se de uma fita genuinamente baiana e que deve ser prestigiada.

Jonga Olivieri disse...

Um filme que tem que ser colocado no lugar de destaque que merece!

André Setaro disse...

Soube, neste instante, pelo sempre atento Romero Azevedo, que nunca está a dormir de touca, que "A mulher do tenente francês" pode ser encontrado em DVD nos melhores sites da internet. Os preços, porém, variam. Vale pesquisar.