Diretor de fotografia dos mais iluminados, Vito Diniz poderia ser um dos expoentes da fotografia cinematográfica brasileira se não fosse a sua paixão pela Bahia, sua insistência em aqui permanecer a trabalhar, e, com isso, recusando convites de fora que poderiam lhe fazer a fama e a glória. Mas de uma coisa se tem certeza: poucos, no Brasil, conhecem a arte de bem iluminar como Vito Diniz, que a Implacável o levou há uma década ou quase isso ainda em pleno vigor de sua capacidade produtiva. Pessoa de lhano trato, homem educado e delicado, tímido, não era afeito a diatribes, guardando as suas opiniões para os amigos. Iluminou quase todos os filmes baianos desde o crepúsculo da década de 60. Meteorgango Kid, o herói intergalático (1969), de André Luiz Oliveira, que virou filme cult do underground ou cinema marginal, teve a sua plástica de imagem orientada por Vito, assim como muitos outras longas baianos, a exemplo do desaparecido Akpalô (1971), de José Frazão, O anjo negro (1973), de José Umberto, entre muitos outros, inclusive os curtas e médias de Fernando Belens, Kabá, Edgard Navarro, Pola Ribeiro, Tuna Espinheira, Agnaldo Siri Azevedo, etc.
Antes da aventura no cinema, trabalhou como correspondente da Manchete em Roma e chegou a dirigir uma chanchada com Colé.
Deixou também de sua autoria curtas preciosos como Magarefe (1971), que focaliza a crueldade da morte de bois e vacas, Pelourinho (1972), visão poética deste centro histórico que é um patrimônio da humanidade, e, quando se aventurou no Super 8, o resultado foi um filme com a qualidade daqueles na bitola 35mm: Gran Circo Internacional.
Presto aqui esta pequena homenagem ao grande homem e ao grande fotógrafo que foi Vito Diniz. A foto é de seu filho, Xico Diniz, e quem ma enviou foi Carlos Alberto Gaudenzi (Kabá), um amigo de Vito de todas as horas.
Clique na imagem para vê-la ampliada.
6 comentários:
Setaro, conheci Vito nos distantes anos 1970. Ele era tudo isso que você registrou e muito mais. Lembro dos filmes feitos por ele, vistos há mais de 30 anos, como se tivesse saído da sala de projeção há poucos minutos tal é a força e o vigor de cada um deles. Um cara polido, muito inteligente, boa pinta, fina estampa. Grande lembrança do blog nesse dia 11 de agosto. Valeu.
Caro André;
Muito feliz com a lembrança do grande Vito, meu pai, meu mestre. Ele deve estar iluminando filmes em outros planos astrais com alguns amigos que também se foram, fazendo uma grande festa de imagens incríveis por aí.
Forte abraço
Xico Diniz
Vito foi um grande cara. Tenho grandes recordacoes dele fotografando meus filmes. Valeu Setaro!
Grande amigo, ser humano ímpar, bem humorado, uma pessoa sem igual, profissional da fotografia extremamente impecável que aliava um talento refinado com um conhecimento técnico profundo.
Sinto muita saudade desse amigo! Foi uma grande amizade que a Bahia me presenteou.
André, vivi na Bahia muitos anos e tive em Vito um grande amigo e um exemplo. Se fosse falar dele não teria como fugir das tuas exatas palavras... peço permissão a ti para acrescentar a extrema generosidade desinteressada. Um grande coração!
Parabéns por ajudar a manter viva a memória dele e de outros
Obrigado
Vicente!
Poucas as pessoas que são possuidoras de uma generosidade desinteressada, como Vito Diniz. Homem de extrema generosidade, como acentua Vicente, gostava de ensinar àquelas pessoas que demonstravam interesse pela arte de fotografar. Ficava feliz quando alguém se revelava um fotógrafo sensível, que sabia usar as lentes com precisão e iluminar com engenho e arte. Vito Diniz merece ter seu nome numa sala ou que se faça a ele uma grande homenagem, pois foi o maior diretor de fotografia que a Bahia já teve. Indiscutivelmente.
Conheci Vito em 1969, apresentado por José Frazão, quando este se iniciava no cinema e estava a fazer o curta "As margens plácidas". Creio que não teria feito o filme com um resultado tão bom se não fossem os conselhos de Vito. Mas sem interesse. Seu propósito era, apenas, ajudar. A seguir, Frazão entrou na aventura do cinema a realizar longas, como "Akpalô" (belíssima fotografia de Vito em cores deslumbrantes, mas o filme se perdeu, encontrando-se desaparecido), "O mistério do Colégio Brasil", "J. Brown, o último herói do Gibi", etc.
Seu filho, Xico Diniz, dá prosseguimento a arte de fotografar. Para se ter uma idéia do talento do filho de Vito Diniz, recomendo o seu site: http://www.xicodiniz.com.br
Vito Diniz era, por assim dizer, um "gentlement" perdido na província soteropolitana. Perto de morrer, na segunda metade dos anos 90, estava desgostoso com os rumos do cinema baiano, e não chegou a ver o seu ressurgimento bissexto a partir dos anos 2000.
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