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29 junho 2008

Ritmo: o som pulsa a imagem

Hoje, domingo, excepcionalmente, não vai ser editada a introdução ao cinema, que já seria a décima, por questões técnicas e existenciais, mas aproveito para colocar aqui uma grande lição de cinema dada numa entrevista pelo genial Orson Welles. Creio que com estas palavras do realizador de Cidadão Kane quem ganha é o leitor. Há pouco, num comentário, sobre Marnie, de Hitchcock, disse que se tratava de uma sinfonia. Tem tudo a ver.


- Suas montagens são longas porque o senhor tenta diferentes soluções para...

Orson Welles - Busco o ritmo exato entre um enquadramento e o seguinte. É uma questão de ouvido: a montagem é o momento em que o filme lida com o sentido da audição.

- Não são então problemas de narração ou de tensão dramática que o detém?

Orson Welles - Não, trata-se de uma forma, como o maestro interpretando um fragmento musica com rubato ou não. É uma questão de ritmo e, para mim, o essencial é isto: a pulsação.

- O público não presta menos atenção à televisão que ao cinema?

Orson Welles - Presta mais atenção, porque escuta em vez de olhar. Os telespectadores escutam ou não escutam, mas quando escutam um pouquinho que seja, mostram-se mais atentos que no cinema, pois o cérebro é mais exigido pela audição que pela visão. Para escutar, é preciso pensar; olhar é uma experiência sensorial, mais bela talvez, mais poética, mas em que a atenção desempenha papel menor.

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