Em Terra em transe, de Glauber Rocha, quando Jardel Filho se desloca de metralhadora em punho no pátio onde se encontram vários personagens, que rodeiam José Lewgoy – e, entre eles, Francisco Millani, Mário Lago, Paulo César Pereio,Glauce Rocha etc, pode-se falar com toda a pertinência de uma mise-en-scène, pois as pessoas entram e saem de campo, do enquadramento, como se estivessem a executar alguma dança. Assim, metteur-en-scène seria aquele que mete em cena, ou, melhor, aquele que coloca em cena, e, em conseqüência, mise-en-scène, colocado em cena, metido em cena. Terra em transe não é à toa que pode ser considerado o maior de todos os filmes brasileiros, pois aqui encontramos pura mise-en-scène, puro cinema, para se ser mais exato. Nesta obra ímpar, de singularidade majestosa, sente-se a influência de um Orson Welles aqui,deum Godard ali,de um Alain Resnais acolá.
3 comentários:
Eu sabia que você iria postar alguma coisa, já que estava no ar.
E justo a falar de "Terra em Transe", sem dúvida uma obra-prima de Gláuber, e porque não dizer do cinema como um todo...
Creio não ser apenas 'Terra em transe', caro e digníssimo Dr. Pinheiro, o melhor filme do cinema brasileiro, mas um dos maiores de todos os tempos.
Olá Setaro,
Muita gente gosta de apontar Deus e o Diabo na Terra do Sol como o melhor filme do Glauber, mas a impressão que Terra em Transe me causou foi muito maior que a de Deus...,principalmente pela linguagem do diretor. Realmente fantástico!
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